A Síndrome da Murcha da Cana tem se tornado uma preocupação crescente entre os canavicultores brasileiros, com a Companhia Agronômica de Campinas e o Centro de Tecnologia Canavieira, em parceria com a Syngenta, buscando alternativas para mitigar seus impactos. Estudos recentes indicam que a doença pode reduzir a produtividade dos canaviais em até 45%, afetando diretamente o índice TCH (Toneladas de Cana por Hectare) e comprometendo a qualidade da matéria-prima.
Na safra 2023/24, diversos estados produtores relataram perdas significativas nas lavouras devido à síndrome. Embora a doença tenha sido identificada na década de 1960, sua gravidade aumentou nos últimos anos. Temos registros em estados como Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí, Mato Grosso e Tocantins. Os sintomas incluem colmos murchos ou secos e coloração avermelhada ou marrom glacê.
Diagnóstico e resposta ao problema
Thales Barreto, gerente de marketing de produtos fungicidas da Syngenta, enfatiza que a complexidade do diagnóstico e a falta de variedades resistentes exigem uma resposta rápida e coordenada de todos os setores envolvidos na cadeia produtiva. “Precisamos unir pesquisa e estratégias de manejo eficazes, como corte antecipado e controle químico, para mitigar os impactos da síndrome”, afirma.
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Desde 2021, grupos de consultores técnicos e pesquisadores têm monitorado áreas afetadas para entender as causas da doença. Levantamentos iniciais apontam que fatores bióticos, como fungos patogênicos — incluindo Pleocyta sacchari, Fusarium spp. e Colletotrichum falcatum — são os principais responsáveis pelas perdas. A Orplana reporta que essas perdas podem chegar a 45% em algumas regiões.
Consequências para a indústria
A Síndrome da Murcha da Cana impacta diretamente a produção de açúcar e etanol, reduzindo os níveis de sacarose e comprometendo o desenvolvimento das plantas. Estima-se que cerca de 30% da área cultivada com cana no Brasil, aproximadamente 3 milhões de hectares, já esteja afetada. Eventos climáticos extremos também têm contribuído para a evolução da doença.
Para enfrentar essa situação crítica, diversas instituições estão se mobilizando para encontrar soluções. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) está realizando pesquisas sobre combinações de fungicidas para combater o problema. Enquanto isso, recomenda-se que as canas afetadas sejam colhidas rapidamente para minimizar as perdas.
Com o avanço da síndrome e seus impactos já sentidos nas lavouras, especialistas alertam que é necessário um esforço conjunto para garantir a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil. A colaboração entre instituições de pesquisa e produtores será essencial para desenvolver estratégias eficazes que assegurem a saúde dos canaviais e a continuidade da produção no setor sucroalcooleiro.
A Síndrome da Murcha da Cana representa um desafio significativo para os canavicultores brasileiros. Com perdas potenciais elevadas e um cenário climático adverso, é crucial que o setor se una em busca de soluções inovadoras para mitigar os efeitos dessa doença e garantir a produtividade nas lavouras.