O Grupo Ervania, localizado em Dourados, Mato Grosso do Sul, protocolou um pedido de recuperação judicial devido a uma grave crise financeira que resultou em dívidas superiores a R$ 38 milhões. A desvalorização acentuada da soja, do milho e da arroba do gado reduziu significativamente a receita da empresa na safra 2023-2024, motivando a decisão.
A empresa havia projetado um retorno financeiro otimista com base em preços mais altos dos grãos. Mas a queda brusca das cotações resultou em receitas muito abaixo do esperado. Segundo Douglas Duek, CEO da Quist Investimentos, que coordena o processo de recuperação, “foi feita uma projeção considerando uma valorização da soja, e quando os preços caíram, ficamos praticamente no zero a zero”. Ele explica que uma produção que poderia gerar R$ 10 milhões rendeu apenas R$ 6 milhões, tornando impossível o pagamento das obrigações financeiras.
Alternativa para sustentabilidade
Diante desse cenário desafiador, o pedido de recuperação judicial se tornou a única alternativa viável para evitar a paralisação das operações e o desligamento de colaboradores. Os principais credores do Grupo Ervania incluem o Banco do Brasil, Sicred, Sicoob e Caixa Econômica Federal.
A reestruturação das dívidas está sendo coordenada pelo escritório Lucas Capilé Advogados e pela Quist Investimentos, que já iniciaram conversas com potenciais investidores. “A recuperação judicial oferece uma série de proteções essenciais, como o congelamento das dívidas e a possibilidade de renegociação com prazos mais longos”, destaca Duek. Antes, a empresa tinha um prazo médio de cinco anos para quitar as dívidas; agora, esse prazo pode ser estendido para mais de dez anos.
Proteção aos produtores e parceiros
Além disso, a recuperação judicial é crucial para proteger pequenos produtores e parceiros do grupo. Garantindo que a empresa continue operando sem o risco imediato de perder máquinas e outros ativos essenciais para sua produção. “Nosso objetivo é preservar o Grupo Ervania e dar o fôlego necessário para que ele pague suas dívidas dentro de um planejamento sustentável”, reforça Duek.
Com o suporte dos especialistas e a reorganização financeira em curso, a expectativa é que o Grupo Ervania consiga superar a crise e retomar seu crescimento de forma estruturada e sustentável. A recuperação judicial é um passo importante para garantir a continuidade das operações e minimizar os impactos negativos sobre os colaboradores e parceiros comerciais.
O pedido de recuperação judicial do Grupo Ervania ilustra os desafios enfrentados pelo setor agrícola brasileiro diante da volatilidade dos preços das commodities. Com medidas adequadas e suporte profissional, há esperança de que a empresa consiga se reerguer e contribuir novamente para o agronegócio na região.
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