Um estudo realizado por cientistas da Nova Zelândia revelou uma descoberta preocupante: resíduos orgânicos amplamente utilizados como fertilizantes e condicionadores de solo contêm altos níveis de microplásticos. A pesquisa levanta sérias questões sobre os impactos ambientais e agrícolas dessas partículas microscópicas.
De acordo com o portal Phys.org, os pesquisadores analisaram diferentes tipos de resíduos orgânicos usados na agricultura, como biossólidos (lodo de esgoto), vermicomposto (compostagem com minhocas), composto a granel (proveniente de coletas seletivas e instalações industriais) e compostos ensacados vendidos em lojas de jardinagem.
Os resultados foram alarmantes: cada quilograma de resíduo analisado continha entre 1.100 e 2.700 partículas de microplástico. Além disso, os cientistas descobriram que até mesmo os plásticos biodegradáveis não estavam se decompondo na velocidade esperada, o que aumenta sua acumulação no solo.
“Mesmo os plásticos biodegradáveis não estão se degradando como previsto, o que levanta preocupações sobre os impactos de longo prazo dos microplásticos na saúde e produtividade do solo”, afirmou Helena Ruffell, pesquisadora da Universidade de Canterbury.
Como os microplásticos afetam a agricultura e a saúde?
A presença de microplásticos em fertilizantes representa uma ameaça dupla: além de comprometer a qualidade do solo e o crescimento das plantas, também indica que essas partículas podem estar em níveis mais altos no corpo humano do que se pensava anteriormente.
Estudos mostram que os microplásticos podem reduzir a capacidade das plantas de absorver nutrientes, prejudicando seu desenvolvimento. Além disso, pesquisas indicam que essas partículas podem entrar na cadeia alimentar, sendo ingeridas por animais e humanos. Já foram detectadas até no cérebro e associadas ao aumento do risco de problemas respiratórios.
“Os resíduos orgânicos são essenciais para fornecer carbono e nutrientes ao solo, ajudando a reduzir as emissões de gases do efeito estufa e promovendo a economia circular”, destacou Ruffell. No entanto, a contaminação por microplásticos pode comprometer esses benefícios.
O que está sendo feito para combater os microplásticos?
Diante desse cenário, cientistas buscam soluções para reduzir a presença de microplásticos no meio ambiente. Algumas iniciativas incluem:
- O uso de materiais orgânicos, como biochar, para ajudar a remover microplásticos do solo.
- O desenvolvimento de filtros para impedir que essas partículas cheguem à água potável.
- Pesquisas para encontrar maneiras mais eficientes de degradar plásticos antes que se tornem microplásticos.
Com o aumento da conscientização sobre os impactos dos microplásticos, a busca por alternativas sustentáveis se torna ainda mais urgente para garantir a segurança alimentar e a preservação ambiental.
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