Um vídeo que circulou nas redes sociais nesta semana trouxe apreensão a moradores do Espírito Santo. As imagens mostram um peixe do juízo final – espécie associada a lendas sobre desastres naturais – supostamente encontrado no litoral capixaba. Entretanto, investigações revelaram inconsistências geográficas no registro.
O Regalecus glesne, ou peixe-remo, vive em zonas abissais dos oceanos e raramente emerge à superfície. Segundo a Ocean Conservancy, organização ambiental sediada nos EUA, avistamentos costumam ocorrer quando exemplares estão doentes ou morrendo.
A espécie ganhou notoriedade após relatos no Japão em 2011, quando 20 indivíduos apareceram antes do terremoto e tsunami de Tohoku.
Equívoco na localização
A gravação original teria ocorrido na Isla Espíritu Santo, no Golfo da Califórnia (México), conforme marcado no perfil da autora. Registros confirmados no Brasil limitam-se a aparições esporádicas, como em Saquarema (RJ) em 2023.
Crença sem comprovação científica
Embora lendas vinculem o animal a presságios, pesquisadores ressaltam a falta de evidências. “Não há relação comprovada entre o peixe-remo e atividades sísmicas”, reforçou a Ocean Conservancy.
Além disso, especialistas explicam que mudanças comportamentais em peixes abissais podem ser causadas por variações na pressão marinha. Ou seja, não necessariamente por terremotos.
Contexto histórico
Desde 1901, apenas 20 ocorrências do peixe do juízo final foram documentadas em águas brasileiras, segundo o Instituto Scripps de Oceanografia. O último registro antes do suposto caso capixaba aconteceu no Rio de Janeiro, sem eventos sísmicos subsequentes.
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