Uma pesquisa inovadora coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) promete revolucionar a produção de tambaqui em sistema de tanque-rede. Ao combinar técnicas de condicionamento alimentar e reversão sexual, os cientistas conseguiram aumentar em mais de duas vezes o ganho de peso dos peixes. Isso abre novas perspectivas para a piscicultura familiar e o desenvolvimento sustentável do setor.
Os resultados do estudo revelam que, com a aplicação de suplementação hormonal e alimentar, os tambaquis em tanque-rede atingiram um peso médio de 1,7 kg em apenas dez meses. Essa marca representa um aumento de 204% em relação ao método tradicional, que normalmente leva 12 meses para alcançar 1 kg. Os dados foram obtidos em tanques com densidade de 40 quilos por metro cúbico (kg/m³), com base na média mensal de ganho de peso.
Fêmeas monossexo e condicionamento alimentar são chaves para o sucesso
O projeto “Uso de populações monossexo de tambaquis, ou Monotamba”, liderado pela pesquisadora Flávia Tavares, utilizou apenas fêmeas, que demonstraram maior ganho de peso em tambaquis, ao contrário da tilápia. Elas receberam o hormônio estradiol na fase de recria por seis semanas. Além disso, os peixes foram condicionados a se alimentar apenas com ração durante a fase de recria em Sistema de Recirculação de Água (RAS). Essa combinação de fatores resultou em um ganho de peso expressivo e rápido, impulsionado pelo treinamento alimentar.
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Apesar dos resultados zootécnicos promissores, os pesquisadores destacam a necessidade de obter indicadores econômicos favoráveis para validar a viabilidade da produção em larga escala. É preciso calcular os custos de produção e avaliar o impacto do tempo de permanência dos peixes no sistema indoor.
Outro objetivo é aumentar a densidade de população nos tanques-rede, com a expectativa de atingir 50 kg/m³, o que aproximaria a produção de tambaqui dos níveis alcançados pela tilápia.
Brasil tem potencial para liderar a produção de tambaqui
O tambaqui é o peixe nativo mais cultivado no Brasil, com uma produção de 113,6 mil toneladas em 2023, movimentando mais de 1,2 bilhão de reais. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios para atingir seu pleno potencial. A Embrapa e outras instituições de pesquisa têm se esforçado para desenvolver tecnologias e estratégias que impulsionem a produção de tambaqui de forma sustentável e eficiente.
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