As chuvas irregulares de fevereiro não foram suficientes para aliviar a restrição hídrica nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul. Além disso, o calor intenso acelerou a perda de umidade do solo, agravando a situação, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O Boletim de Monitoramento Agrícola da estatal apontou que, nos primeiros 15 dias de fevereiro, a umidade do solo permaneceu baixa nas regiões oeste, centro e noroeste do Estado. As precipitações irregulares e as temperaturas elevadas comprometeram o desenvolvimento de parte das lavouras.
A Conab reduziu a estimativa para a safra de soja gaúcha, projetando uma queda de 6,1% na produção. A nova previsão indica uma colheita de 18,45 milhões de toneladas, ante 19,65 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, mesmo com o aumento da área plantada.
Nos demais estados do Sul, as chuvas também foram mal distribuídas. Na primeira semana de fevereiro, volumes significativos atingiram o centro, norte e leste do Paraná, além do norte de Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, porém, as precipitações seguiram escassas, mantendo a umidade do solo baixa.
A Conab destaca que, no Paraná e em Santa Catarina, as condições favoreceram o manejo e o desenvolvimento das lavouras de primeira e segunda safras. No semiárido nordestino, porém, o déficit hídrico persistiu, prejudicando as plantações de feijão e milho.
Soja e arroz no RS
As lavouras de soja gaúchas apresentam anomalias negativas nos índices de vegetação devido às variações nas condições de desenvolvimento. A situação mais crítica ocorre no sudoeste do Estado, onde a falta de chuvas e o calor intenso afetam as plantações desde dezembro.
Já as lavouras de arroz apresentam bom potencial produtivo. Segundo a Conab, a incidência solar favoreceu a cultura, e muitas áreas já entraram na fase final de maturação. A colheita começou nas regiões da Fronteira Oeste e Central. Ou seja, as últimas chuvas foram essenciais para abastecer os mananciais. Em Santa Catarina, o clima também favoreceu o arroz, garantindo produtividade e qualidade ao produto colhido.
Situação nacional
A Conab avalia que as principais regiões produtoras de soja e milho segunda safra apresentam boas condições de desenvolvimento. Apesar do atraso na semeadura em algumas áreas, o índice de vegetação da atual temporada superou a média e os ciclos anteriores, impulsionado pelo clima favorável e pelo menor escalonamento do plantio.
No sudoeste de Mato Grosso do Sul e no noroeste do Rio Grande do Sul, porém, o crescimento das lavouras desacelerou em dezembro e janeiro devido à escassez de chuvas e ao calor excessivo.
Além disso, no país, grande parte das lavouras de soja está em fase de maturação ou colheita. No Centro-Norte, as chuvas de fevereiro ajudaram a manter a umidade do solo e favoreceram o desenvolvimento das culturas.
Apesar do excesso de precipitações ter atrasado a semeadura e a colheita em alguns locais, a Conab destaca que as chuvas beneficiaram o enchimento dos grãos da primeira safra e impulsionaram o início do desenvolvimento do milho segunda safra.
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