O famoso bloco Expresso 2222, um dos camarotes mais famosos do Carnaval de Salvador, acaba de marcar história ao apresentar sua primeira camiseta oficial feita com algodão 100% agroecológico, em parceria com a Riachuelo. A peça, cultivada sem agrotóxicos por mais de 140 agricultores do sertão nordestino, simboliza uma virada na moda festiva. E alia estilo, responsabilidade ambiental e impacto social.
Diferente do cultivo convencional — que consome 25% dos inseticidas e 10% dos pesticidas globais, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) —, o algodão agroecológico preserva o solo, reduz a contaminação da água e protege a saúde dos trabalhadores rurais. No Nordeste brasileiro, projetos como o Arribaçã (Algodão em Rede na Agricultura Familiar) têm capacitado famílias agricultoras para adotarem práticas que dispensam químicos, priorizando adubos naturais e manejo integrado de pragas. O resultado são fibras de alta qualidade, que geram renda justa e mantêm viva a biodiversidade da Caatinga.

A estreia da camiseta verde e branca do Expresso 2222 foi celebrada por nomes como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Flora Gil, que desfilaram no bloco reforçando o apelo da moda ética. “É uma honra apoiar iniciativas que valorizam quem planta com respeito à terra”, destacou Taís, em rede social. A peça integra uma coleção da Riachuelo, toda desenvolvida com malhas agroecológicas.
Impacto social no Sertão
Por trás das camisetas, está uma rede de agricultores de estados como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, organizados em cooperativas como a Coopnatural. Cada quilo de algodão agroecológico produzido nessas regiões gera até 30% mais renda para as famílias. Isso comparado ao modelo tradicional, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão Sustentável (Abrapas). Além disso, o cultivo agroecológico fortalece a autonomia das mulheres rurais, que lideram 40% dos projetos no semiárido.
A coleção faz parte da estratégia “Moda que Transforma” da Riachuelo. E que inclui metas como 100% de algodão sustentável até 2025 e redução de 30% nas emissões de carbono. A marca já utiliza tecnologias como reciclagem de resíduos têxteis e tingimento a laser, e agora amplia o apoio à agricultura familiar. “Queremos ser ponte entre o campo e a cidade, mostrando que é possível produzir moda com ética”, afirma Carla Rocha, diretora de sustentabilidade da empresa.
Onde encontrar
As camisetas do Expresso 2222 e da coleção agroecológica estarão disponíveis a partir de março nas lojas físicas da Riachuelo e no e-commerce. Parte da renda será revertida para projetos de educação ambiental no Nordeste.
Enquanto a indústria da moda responde por 10% das emissões globais de CO₂, iniciativas como essa mostram que é possível celebrar a cultura brasileira sem sacrificar o planeta. O algodão agroecológico não só veste foliões, mas planta sementes de um futuro mais justo — no campo, nas passarelas e nos bloquinhos de carnaval.
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