O Brasil se torna oficialmente o maior exportador mundial de algodão, superando os Estados Unidos pela primeira vez. O país comercializou 2,6 milhões de toneladas da pluma para o mercado internacional na safra 2023/2024. Embora celebrada, a liderança não é definitiva. Brasil e EUA devem seguir emparelhados ou se alternando no topo do ranking futuramente.
Na safra em curso, o Brasil deve colher cerca de 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado, com 60% da produção já comercializada.”A liderança no fornecimento mundial da pluma é um marco histórico, mas não é uma meta em si. Trabalhamos para aperfeiçoar nossos processos, incrementando qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade”, explica o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.
Há pouco mais de duas décadas, o Brasil era o segundo maior importador mundial. “Essa guinada se deve a muito trabalho e investimento na reconfiguração total da atividade, com pesquisa, desenvolvimento científico, profissionalismo e união”, afirma Schenkel.
Porém, garantir a liderança no próximo ano dependerá da safra americana, que tende a ser maior que a de 2023.
Desafios indústria
O aumento da produção traz desafios para a indústria têxtil nacional, cujo consumo está estagnado em 700-750 mil toneladas. A Abit e a Abrapa discutem caminhos para aumentar a produção de fios e tecidos no país para 1 milhão de toneladas ao ano.
Presente à reunião, o presidente da diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, afirma que a entidade e a Abrapa discutem caminhos para aumentar a produção de fios e tecidos no país, para um milhão de toneladas ao ano.
“É preciso fazer acontecer. E uma das primeiras condições é estimular o consumo no ponto de venda. A nossa indústria tem sofrido ataques recorrentes das importações de países que nem sempre concorrem lealmente conosco. São origens que têm custos mais baixos, menos impostos, juros mais competitivos. Não é uma agenda simples, mas acredito que podemos trabalhar com ênfase na sustentabilidade, no respeito ao meio ambiente, em energia limpa e em certificação”, diz Pimentel. Contudo, ele acrescenta que esta não é uma jornada instantânea. “Vai exigir muita dedicação, estratégia e uma boa execução”, conclui.