O Fundecitrus, a Esalq/USP e a Fapesp uniram forças para criar o Centro de Pesquisa Aplicada em Inovação e Sustentabilidade da Citricultura (CPA). O projeto foi apresentado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O objetivo é intensificar o combate ao greening, doença que afeta 44% dos pomares paulistas em 2024.
Investimento
O CPA terá um investimento de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos, renováveis por mais cinco. Ou seja, Fundecitrus e Fapesp destinarão R$ 90 milhões em recursos financeiros. O restante será contrapartida não financeira, como infraestrutura e salários de técnicos. Em geral, o centro busca desenvolver pesquisas, transferir tecnologia e difundir conhecimento para fortalecer a citricultura, setor responsável por 8,2% das exportações paulistas e 45 mil empregos no estado.
Márcio de Castro Silva e Filho, diretor-científico da Fapesp, destacou a relevância histórica da parceria com o Fundecitrus. “Juntos, avançamos na pesquisa e mitigação do greening. Agora, damos um passo transformador para a citricultura paulista”, afirmou. Além disso, a colaboração entre as instituições remonta ao Projeto Genoma, que, em 2000, sequenciou o genoma da Xylella fastidiosa, bactéria causadora da CVC (amarelinho).
Impactos do greening
A doença, que provoca queda de produtividade e eleva os custos de produção, já reduziu pela metade o número de propriedades citrícolas no estado. Ou seja, de 2008 a 2024, a incidência subiu de 0,6% para 44,4%, condenando 90,7 milhões de árvores só neste ano. Portanto, desde 2004, outras 64 milhões de árvores foram eliminadas na tentativa de controlar a doença.
Ao mesmo tempo, o aumento da população do inseto vetor, resistente a inseticidas, intensifica o problema. Entre 2019 e 2024, o número de vetores cresceu dez vezes, ampliando os desafios para conter a disseminação. “O CPA foi criado para oferecer respostas eficazes e reduzir os prejuízos à produção”, explicou Lilian Amorim, pesquisadora da Esalq/USP e diretora do CPA.
Em resumo, nas últimas cinco safras, o greening causou a perda de 97,2 milhões de caixas de laranja, totalizando US$ 972 milhões em receita. Algumas regiões já registram mais de 60% de pomares afetados pela doença, que ameaça a sustentabilidade do setor.
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Pesquisa e transferência de tecnologia
As pesquisas do CPA abordarão interações entre patógenos, plantas e vetores, com foco em resistência genética e controle integrado. Outras áreas de estudo incluirão nutrição das plantas, avaliação de perdas e impactos econômicos das medidas de manejo.
Além disso, o CPA atuará na formação de profissionais, com programas de pós-graduação e cursos online. Pesquisadores e técnicos de instituições parceiras, como CATI e Defesa Agropecuária do Estado, farão a transferência de tecnologia.
Sediado na Esalq/USP, em Piracicaba, o CPA reunirá especialistas de universidades e centros de pesquisa do Brasil e do exterior. Entre os parceiros estão a UFSCar, Unicamp, Embrapa e instituições de países como França, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra e Portugal.
O secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, reforçou a importância do setor. “A citricultura paulista é referência mundial. O CPA fortalecerá o setor, possibilitando enfrentarmos desafios como o greening com mais eficiência”, destacou.
Com essa iniciativa, o estado de São Paulo renova seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade da citricultura, promovendo soluções que alavancam a economia e protegem uma das principais cadeias produtivas do Brasil.