O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, divulgou que o preço do leite captado em novembro de 2024 fechou a R$ 2,6374 por litro na “Média Brasil”. Essa cifra representa uma queda de 6,4% em relação ao mês anterior, embora tenha registrado um aumento de 25,9% em comparação ao mesmo período do ano passado, considerando valores ajustados pela inflação.
A desvalorização do leite cru é influenciada pela progressão da safra e pelo aumento sazonal da oferta no campo. O Cepea projeta que essa tendência de queda nos preços pode continuar ao longo de dezembro. A média de preços para 2024 deve se manter em torno de R$ 2,60 por litro. Isso representa um leve aumento de cerca de 1% em relação ao ano anterior.
Apesar da média anual não se distanciar significativamente da de 2023, o comportamento dos preços foi bastante distinto. O ano de 2024 foi marcado por uma valorização sustentada do leite cru até o final do terceiro trimestre, impulsionada por um crescimento lento da oferta.
Impactos nos custos de produção
Embora os custos de produção tenham mostrado certa estabilidade e a margem do produtor tenha aumentado em 2024, o estímulo à atividade leiteira foi menor do que o esperado no primeiro semestre. Condições climáticas extremas afetaram negativamente a produção entre os segundos e terceiros trimestres. No entanto, o consumo permaneceu firme durante a maior parte do ano. E a redução considerável dos estoques de lácteos no final da entressafra ajudou a sustentar os preços até outubro.
Leia mais:
+ Agro em Campo: Área cultivada com azevém no Brasil tem crescido
+ Agro em Campo: Viabilidade econômica de biofábricas de bacillus thuringiensis (bt)
Com a chegada das chuvas na primavera, houve um incremento na quantidade e qualidade das pastagens, favorecendo a produção. Contudo, a queda nos preços do leite no campo também impactou as cotações dos produtos lácteos. Em novembro, observou-se uma forte desvalorização do leite UHT no atacado paulista e quedas menos intensas nos preços da muçarela e do leite em pó.
As importações brasileiras de lácteos se estabilizaram em novembro, totalizando 209,5 milhões de litros em equivalente leite. Em contrapartida, as exportações cresceram 5,8%, alcançando 4,8 milhões de litros em equivalente leite. Este cenário reflete uma dinâmica complexa no mercado lácteo brasileiro.
Projeções futuras
Para 2025, as expectativas são cautelosas. O crescimento da oferta deve permanecer próximo de 2%, devido ao aumento contínuo dos custos com nutrição animal e à pressão sobre o poder de compra dos pecuaristas. A projeção é que a produção mantenha um ritmo de crescimento entre 2% e 2,5%. No entanto, um avanço acima desse patamar exigiria uma recuperação significativa da oferta no primeiro trimestre de 2025, dependente principalmente das condições climáticas.
A queda nos preços do leite ao produtor em novembro destaca os desafios enfrentados pelo setor lácteo brasileiro. Com um cenário econômico dinâmico e variáveis climáticas influenciando a produção e os custos, os próximos meses serão cruciais para determinar a trajetória dos preços e a sustentabilidade da atividade leiteira no Brasil.