Cientistas da Embrapa Amazônia Ocidental, em colaboração com a Embrapa Roraima, recomendam um período de 24 meses de vazio sanitário para bananeiras, visando a recuperação de áreas de terra firme afetadas pela murcha-bacteriana, também conhecida como moko da bananeira.
A bactéria Ralstonia solanacearum raça 2 provoca essa doença, uma praga quarentenária que já se disseminou em diversos estados brasileiros, incluindo Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.
O moko é uma das doenças mais devastadoras para as bananeiras cultivadas em áreas de várzea da Região Amazônica. As inundações anuais são um fator crítico para a propagação da bactéria, que se espalha pelos rios e contamina plantações localizadas a jusante dos bananais afetados. Nos municípios de Tabatinga e Manicoré, no Amazonas, a situação é alarmante, pois as plantações estão situadas em regiões vulneráveis à inundação.
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Em áreas de terra firme, a bactéria tem um comportamento diferente, sobrevivendo por tempo limitado e não formando estruturas de resistência. Após o período recomendado de vazio sanitário de dois anos, é possível replantar bananeiras com mudas saudáveis.
Doença de combate dífícil
Os pesquisadores Luadir Gasparotto, Mirza Carla Normando e Daniel Schurt alertam que não existem cultivares resistentes ao moko e que o controle químico é ineficaz devido à natureza vascular da doença. A disseminação ocorre principalmente através do uso de mudas contaminadas e ferramentas infectadas. Para mitigar esse risco, medidas preventivas como o uso de mudas certificadas e a desinfecção de equipamentos são essenciais.
A pesquisa realizada pela Embrapa incluiu um experimento que avaliou a sobrevivência da bactéria em diferentes tipos de solo durante dois anos. Os resultados mostraram que a bactéria pode sobreviver por até dez meses em solos do tipo Latossolo Amarelo e até oito meses em Argissolo.
Para erradicar a o moko da bananeira, é crucial eliminar todas as bananeiras infectadas e cultivar outras culturas na área durante 24 meses. Nesse período, os resíduos orgânicos das bananeiras se decompõem, permitindo o plantio seguro após esse intervalo.
As recomendações incluem:
- Uso de mudas sadias (certificadas).
- Desinfecção das ferramentas utilizadas nas operações agrícolas.
- Eliminação do coração da bananeira para evitar a transmissão por insetos.
- Controle das plantas daninhas com herbicidas.
- Inspeção periódica dos plantios para detecção precoce da doença.
Essas ações estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, promovendo práticas agrícolas sustentáveis e proteção da biodiversidade.