A França enfrenta uma crise sem precedentes em seu setor vinícola, levando o governo a decidir pela destruição de 30 mil hectares de vinhedos, o que representa cerca de 4% da área total dedicada à produção de vinho no país.
O plano levou vários meses para aprovação, porque “na PAC (política agrícola comum) não há medida de arranque”, explica Jérôme Despey, presidente do conselho dedicado ao vinho da associação FranceAgriMer.
Para enfrentar essa crise, o Ministério da Agricultura da França anunciou “um incentivo financeiro de 4 mil euros por hectare destruído para os produtores que aceitarem participar do programa, com orçamento total de 120 milhões de euros”.
O objetivo é reduzir a oferta no mercado e evitar uma queda drástica nos preços dos vinhos. Essa ação foca principalmente nos vinhedos de grande produção.
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Em comunicado, o governo francês anunciou que “a ajuda seria concedida aos agricultores que abandonem, à superfície assim desenraizadas, a produção de autorizações de replantação, e que também renunciam a mobilizar ou solicitar, durante as seis campanhas vitivinícolas de 2024 a 2029 inclusive, autorizações para novas plantações”.
Impacto no Setor
Com aproximadamente 789 mil hectares dedicados à viticultura em 2023, a destruição planejada representa uma medida drástica que pode ter consequências significativas para a economia regional e nacional.
Apesar da diminuição na área plantada, os preços dos vinhos ícones, como os grandes Bordeaux e Bourgogne, continuam a subir anualmente.
A decisão do governo reflete a urgência em reequilibrar o setor vinícola francês diante das mudanças nos hábitos de consumo e da crescente concorrência internacional.
Essa situação destaca não apenas os desafios enfrentados pelos produtores locais, mas também a importância cultural e econômica do vinho na sociedade francesa.
Crise do Vinho
A diminuição do consumo de vinho na França é atribuída a diversos fatores. Primeiramente, apenas um terço das pessoas com menos de 40 anos consome vinho atualmente.
Os jovens têm mudado seus hábitos alimentares e preferido bebidas como cerveja, especialmente em refeições rápidas. Além disso, quando optam por vinho, tendem a escolher variedades mais leves, como brancos e rosés.
Outro aspecto relevante é a queda nas exportações. Em 2023, as vendas de vinhos franceses para o exterior caíram 10% em relação ao ano anterior.
A China, um dos principais importadores, reduziu suas compras e aumentou sua própria produção. Por outro lado, produtos de países como Itália e Espanha ganham espaço no mercado francês.