Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros que mais se destacam na gestão de águas.
Com um Índice de Segurança Hídrica (ISH) extremo bom, segundo o pesquisador Danilton Luiz Flumignan, da Embrapa Agropecuária Oeste, o estado apresenta um modelo de sustentabilidade que pode ser replicado em outras regiões.
“Nosso objetivo é desenvolver tecnologias que aprimorem o uso da água, conciliando a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola com a proteção ambiental, mitigando a contaminação da água e preservando os ecossistemas aquáticos”, afirma Rafael Zanoni Fontes, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste.
Para atingir esse objetivo, a Embrapa Agropecuária Oeste realiza pesquisas em várias frentes, incluindo manejo de irrigação, adoção de práticas agrícolas conservacionistas, implementação de sistemas agroflorestais e recuperação de áreas degradadas.
“Essas iniciativas não apenas beneficiam os agricultores, garantindo a disponibilidade de água para as lavouras, mas também têm um impacto positivo na segurança alimentar e hídrica da região, contribuindo para o desenvolvimento sustentável a longo prazo”, destaca Fontes.
Entre as pesquisas mais relevantes estão:
Irrigação: Um projeto de pesquisa está em seu terceiro ano de execução para realizar a competição de diferentes materiais de soja na safra de verão e de milho na safrinha de outubro e inverno.
“Nós estamos trabalhando com uma estratégia de manejo de irrigação que promete ser economizadora no uso da água, ou seja, ela usa em torno de 50% da água que seria utilizada numa irrigação nos métodos tradicionais recomendados. Com a pesquisa pretendemos mostrar que é possível manter o nível de água ótimo por meio da técnica de déficit hídrico controlado, em que se deixa a planta experimentar o déficit hídrico, a planta colhe os benefícios, mas sem que esse déficit cause prejuízo”, explica Danilton Luiz Flumignan.
ILP e SPD: A Embrapa Agropecuária Oeste iniciou pesquisas com Integração Lavoura-Pecuária (ILP) a partir da safra de 1995/1996, lideradas pelo pesquisador Júlio Cesar Salton e colaboradores. “A ILP permite maior infiltração da água no solo devido à presença de plantas vivas ou de palhada”, destaca Salton.
Plantas de cobertura: Pesquisas realizadas pela Embrapa Agropecuária Oeste mostram que o uso de plantas de cobertura em SPD tem um papel fundamental para o aumento do armazenamento de água no solo.
“Muitas vezes as culturas comerciais, por exemplo, soja, milho, têm um baixo potencial em produzir grande quantidade de massa, fazer cobertura do solo, produzir um volume muito grande de raízes que trazem uma série de benefícios para a qualidade do solo”, afirma Rodrigo Arroyo Garcia, que conduz experimentos com plantas de cobertura.
Qualidade da água: Outra pesquisa realizada na Embrapa Agropecuária Oeste é quanto à qualidade de águas superficiais (rios, lagos, riachos), especialmente no Rio Dourados, e possíveis impactos causados por agrotóxicos utilizados na agropecuária.
“A grande novidade do trabalho de monitoramento neste ano é que a Embrapa foi acionada para fornecer esses dados para subsidiar a reformulação de política pública”, destaca Rômulo Penna Scorza Júnior, líder do projeto.