O tratamento de sementes de soja no Brasil registrou um crescimento expressivo de 18% na safra 2023-24, alcançando um valor de R$ 3,6 bilhões, de acordo com o levantamento FarmTrak Soja, realizado pela Kynetec Brasil. O estudo revela que 99% da área plantada com a oleaginosa no país, equivalente a 44 milhões de hectares, já utiliza sementes protegidas por fungicidas, inseticidas e nematicidas, destacando a importância dessa prática preventiva para garantir o potencial produtivo e proteger as culturas de ataques iniciais de pragas e doenças.
Lucas Lima Alves, especialista em pesquisas da Kynetec, explica que o tratamento de sementes proporciona um estande adequado de plantas, bom desenvolvimento inicial da soja e uniformidade da lavoura. “O uso desses defensivos agrícolas no tratamento de sementes é essencial para assegurar a saúde das plantas desde o início do ciclo”, destaca Alves.
Mudança de perfil
O levantamento também aponta uma mudança significativa no perfil das aplicações de produtos, com o processo de tratamento industrial de sementes ganhando destaque. Em 2023-24, 51% das áreas cultivadas com soja utilizaram sementes tratadas industrialmente, produzidas por parceiros como indústrias, sementeiros ou distribuidores. Esse avanço é expressivo se comparado à safra 2014-15, quando apenas 31% das sementes chegavam às propriedades com o tratamento já realizado.
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“O modelo industrial oferece precisão nas doses de produtos, praticidade no manuseio e auxilia na otimização da janela de plantio”, afirma Alves, ressaltando os benefícios dessa modalidade para os produtores.
Entre os agroquímicos mais utilizados no tratamento industrial de sementes, os inseticidas e fungicidas lideram, presentes em 50% das áreas cultivadas. Os nematicidas, embora ainda em menor proporção, com 8% de adoção, apresentam tendência de crescimento nas próximas safras, conforme identificado pelo FarmTrak Soja.
Paraná se destaca
O Paraná se destaca como o estado com maior adoção do tratamento industrial de sementes de soja, atingindo 85% das áreas cultivadas. Enquanto a Bahia registra o menor índice, com apenas 11% das lavouras utilizando essa técnica. Alves atribui essas diferenças regionais ao perfil fundiário. “Em estados como a Bahia e o Mato Grosso, onde predominam grandes propriedades, os produtores geralmente possuem equipamentos para realizar o tratamento com qualidade industrial. Já no Sul e Sudeste, o serviço depende mais de revendas, cooperativas e sementeiros”, explica.
O estudo FarmTrak Soja 2023-24 foi elaborado a partir de mais de 3,7 mil entrevistas realizadas com produtores em toda a fronteira agrícola da soja no Brasil. Oferece um panorama detalhado das práticas de tratamento de sementes no país.