O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, convocou as principais economias globais a assumirem um compromisso sério com as mudanças climáticas. Durante o Fórum Internacional de Agricultura e Pecuária (FIAP), realizado paralelamente às reuniões do G20 em Cuiabá (MT), Fávaro destacou que o agravamento das queimadas no Brasil evidencia a urgência de ações concretas. “As queimadas no Brasil mostram a sensibilidade que o mundo precisa ter com as mudanças climáticas”, afirmou Fávaro, pedindo medidas globais para conter os efeitos dessas transformações.
O Brasil enfrenta uma seca severa em várias regiões, intensificando focos de calor que afetam diretamente a produção agrícola. Fávaro enfatizou que as mudanças climáticas deixaram de ser uma questão debatida e se tornaram uma realidade inegável. Mato Grosso, estado que sedia as reuniões do G20, exemplifica os desafios climáticos ao registrar o maior número de queimadas no país. Ao mesmo tempo em que se destaca pela sua produção agrícola sustentável.
Fávaro destacou o compromisso do Brasil em intensificar a produção de alimentos sem expandir sobre áreas florestais. Ele ressaltou que o país tem potencial para aumentar a produção em cerca de 40 milhões de hectares de pastagens subutilizadas, sem desmatamento. “Somos grandes produtores e exportadores, mantendo vastas áreas preservadas. Podemos fazer ainda mais, sem comprometer nossas florestas”, explicou.
União global e mudanças climáticas são temas centrais no Fórum Internacional de Agropecuária
Durante a abertura do Fórum Internacional de Agropecuária (FIAP) em Mato Grosso, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, enfatizou a importância de unir esforços para combater as mudanças climáticas. Ele ressaltou que o foco não deve ser encontrar culpados pela fumaça que cobre várias cidades brasileiras. Mas sim enfrentar a crise climática como um desafio global. “Avançamos muito com a tecnologia, mas nada disso será suficiente sem ter o meio ambiente como aliado. Para quem ainda duvida das mudanças climáticas, essa fumaça é um sinal claro”, afirmou, lembrando que o fogo contamina o ar e agrava o efeito estufa, afetando a vida de quem planta e cria.
O FIAP, que antecede o G20 Agro, programado para ocorrer até sexta (13 de setembro) na Chapada dos Guimarães (MT), reuniu ministros da agricultura de 19 países e mais de 30 delegações internacionais. Viana descreveu o fórum como um marco na história do Brasil, possibilitando a construção de uma narrativa positiva sobre o país. “Sediar o G20 é uma oportunidade de mostrar o verdadeiro potencial do Brasil. O presidente Lula está trabalhando para fortalecer essa imagem, e nós na ApexBrasil fazemos o mesmo”, destacou.
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Viana também reforçou a responsabilidade do Brasil nas questões ambientais, alertando para a urgência de pensar no futuro em tempos de mudanças climáticas, insegurança alimentar e transição energética. Ele mencionou os desafios na criação do Código Florestal, que estabelece limites para o uso da terra nas áreas urbanas e rurais. E afirmou que essa legislação foi pensada para garantir um futuro sustentável.
Modelo brasileiro de agricultura
Laudemir Müller, gerente do Agronegócio da ApexBrasil, destacou que o Brasil desenvolveu um modelo único de agricultura tropical, capaz de contribuir com a segurança alimentar global e a preservação ambiental. Ele explicou que esse modelo também apoia as empresas que investem em tecnologias de transição energética e redução de emissões de carbono. A ApexBrasil apoia diretamente 22 setores do agronegócio, envolvendo 2.500 empresas, que juntas somam US$ 89 bilhões em exportações.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, enalteceu a política comercial do governo Lula. Que já abriu 184 novos mercados para os produtos agropecuários brasileiros. Ele destacou a necessidade de intensificar a produção sem invadir áreas florestais ou o Cerrado, aproveitando áreas degradadas para esse crescimento.
Governadores como Eduardo Riedel (MS) e Helder Barbalho (PA) ressaltaram a importância de um posicionamento estratégico do Brasil no agronegócio global, focando na sustentabilidade e preservação ambiental. Barbalho, por exemplo, reforçou que “uma floresta viva vale mais do que uma morta”. Mauro Mendes, governador de Mato Grosso, cobrou um maior comprometimento mundial na redução de emissões e combate ao desmatamento ilegal.
O FIAP reuniu participantes de diversos setores para discutir o futuro do agronegócio, destacando a importância da sustentabilidade e das novas tecnologias para o desenvolvimento do setor. Em julho de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 15,44 bilhões. Com destaque para os setores de soja, carnes, açúcar e etanol, produtos florestais e café, responsáveis por 82,5% das exportações.