Os incêndios recentes no interior de São Paulo atingiram duramente o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC-Apta) em Ribeirão Preto. O fogo destruiu 80% das áreas experimentais e comprometeu 50% do viveiro de mudas, impactando a pesquisa agronômica e a produção de mudas de cana-de-açúcar. O centro, um dos mais importantes do Brasil, produz entre 2,5 e 3 milhões de mudas anualmente.
O diretor-geral do IAC, Marcos Landell, afirmou que os incêndios devastaram o Centro de Cana, destruindo 80% das áreas experimentais. Embora medidas para minimizar as perdas tenham sido adotadas, alguns danos são irreparáveis e só poderão ser corrigidos em ciclos futuros.
Recuperação e desafios para a produção
Apesar dos danos, a rebrota da cana pode permitir a recuperação de alguns experimentos. “A cana tem capacidade de rebrotar após o corte, possibilitando avaliações no ciclo seguinte. No entanto, esse processo pode atrasar nosso trabalho em até um ano”, explicou Landell. Além disso, a situação é mais crítica para experimentos com cana recém-plantada, onde a perda de vigor pode comprometer o desenvolvimento de novas variedades.
Além disso, os incêndios também afetaram os canaviais comerciais, que precisam colher a cana queimada rapidamente para evitar perdas maiores na qualidade da matéria-prima. Segundo Landell, cada dia de atraso deteriora a qualidade da cana, afetando a eficiência industrial e aumentando os custos de produção.
Antonio Eduardo Tonielo, conselheiro do Grupo Viralcool, expressou preocupação com os danos causados pelo fogo. Ele destacou que o governador Tarcísio de Freitas instalou um gabinete de crise na região para enfrentar a situação. Tonielo enfatizou que os incêndios comprometeram não apenas as plantações de cana, mas também infraestrutura, criação de animais e pastagens. “Agora, precisamos moer essa cana queimada o mais rápido possível para minimizar os prejuízos”, disse ele.
Impacto na produção de mudas
Mauro Xavier, diretor do Centro de Cana, destacou os desafios para a produção de mudas. “Perder 50% do viveiro significa replanejar todo o processo de produção, impactando diretamente a oferta de mudas para o próximo ano”, afirmou Xavier.
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Perspectivas futuras
A recuperação dos canaviais e a retomada dos experimentos representam grandes desafios para o IAC e para os produtores de cana da região. Além dos impactos imediatos, há preocupação com a produtividade futura, já que as variedades afetadas pelo fogo podem não brotar de maneira uniforme, gerando falhas nos canaviais.
Marcos Landell destacou que o IAC continuará desenvolvendo variedades mais resistentes e promovendo o corte mecânico de cana crua, que oferece vantagens ambientais e produtivas. “Ninguém quer mais a cana queimada. O fogo não traz benefícios para a pesquisa, para os produtores ou para a população”, concluiu.