A cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) representa uma das principais pragas nos canaviais brasileiros, especialmente após a suspensão da queima da cana e a adoção da colheita mecanizada, que resulta no acúmulo de palhada. Essa praga pode causar prejuízos de até 60% na produtividade agrícola e na qualidade da matéria-prima ao injetar toxinas nas raízes durante a alimentação.
Agricultores têm utilizado por mais de uma década produtos baseados em neonicotinoides e piretróides para o controle da cigarrinha-das-raízes. Contudo, a eficácia desses métodos tem diminuído, exigindo soluções mais inovadoras e eficazes. Pesquisas recentes apontam para as diamidas, especialmente as antranílicas, como uma solução promissora.
Uma dessas soluções é o inseticida desenvolvido pela FMC, que apresenta uma alta sistemicidade, permitindo sua translocação dentro da planta mesmo quando aplicado no solo. “Esse é um fator importante para atingir a cigarrinha ainda na fase ninfa. Testes realizados na safra 23/24 mostraram um controle de até 70% do número de ninfas, 120 dias após a aplicação,” explicou Maurício Oliveira, engenheiro agrônomo e gerente de marketing regional de cana da FMC.
Outras pragas afetadas
Além do controle da cigarrinha, o produto demonstrou eficácia contra outras pragas. Os testes revelaram uma redução de 60% no ataque de Sphenophorus em tocos atacados. Isso 180 dias após a aplicação, e uma diminuição de 75% na infestação da broca da cana (Diatraea saccharalis), 200 dias após a aplicação. “É crucial que o período de controle do produto seja em torno de 90 a 120 dias para que todas as gerações da cigarrinha sejam controladas,” enfatizou Oliveira.
A sistemicidade do inseticida proporciona um longo residual no controle das pragas. Isso mantendo a proteção dentro da cana e apresentando excelente seletividade aos insetos benéficos, como formigas, joaninhas e tesourinhas. Estes insetos são responsáveis por grande parte do controle de pragas e contribuem para a sustentabilidade do canavial.
“Nas áreas de teste, esse manejo mais efetivo e inovador demonstrou um aumento de produtividade de 12%, comparado com um tratamento padrão. Ou seja, benefícios para o produtor, matéria-prima e meio ambiente,” afirmou Maurício Oliveira.
O produto, de nome comercial Verimark®, ainda possui outras vantagens. Por exemplo, como a compatibilidade com a temperatura de gelificação da gelatina bovina comercial (17 °C), e uma alta força de gel, classificando-o como Bloom médio. Sua cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez, também atende aos requisitos comerciais da gelatina.
A introdução desse novo grupo químico, aliado a um manejo mais tecnológico e inovador, não apenas melhora a eficiência no controle de pragas como também potencializa a produtividade e sustentabilidade dos canaviais brasileiros.