O volume de mandioca processado pela indústria de fécula no Brasil alcançou 2,64 milhões de toneladas até o dia 22 de novembro de 2024, superando a produção total registrada em 2023. O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), fornece os dados.
Pesquisadores do Cepea destacam que, embora o rendimento industrial tenha sido mais baixo em grande parte deste ano, a produção de fécula apresentou um crescimento significativo. Até agora, a indústria produziu 677,7 mil toneladas do derivado, um aumento de 3,4% em relação ao total de 2023 e o maior volume anual desde o início da série histórica do Cepea em 2004.
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Até outubro, a produção acumulada de fécula somava 656 mil toneladas, representando um crescimento de 12,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O ano começou com um estoque inicial de 60,1 mil toneladas e as importações entre janeiro e outubro totalizaram 29 mil toneladas, conforme dados da Secex. Isso resultou em uma disponibilidade interna de fécula de 1,16 milhão de toneladas nos primeiros dez meses de 2024. Um aumento de 10% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Exportações
No que diz respeito à demanda, o consumo aparente de fécula foi estimado em 639,2 mil toneladas entre janeiro e outubro de 2024, uma alta expressiva de 20,1% em relação ao ano anterior. As exportações também mostraram um desempenho robusto, atingindo 29,1 mil toneladas — um aumento de 44,2% comparado a 2023. Assim, a demanda total chegou a 668,3 mil toneladas, superando a produção.
Como resultado desse cenário, os estoques disponíveis até outubro caíram 21,5%, para 50,6 mil toneladas. Isso representa apenas 6,9% da demanda interna prevista entre novembro de 2023 e outubro de 2024. A redução nos estoques deve sustentar as cotações no médio prazo.
A fécula e os amidos são insumos essenciais em diversos setores da indústria. O aumento no consumo está relacionado à recuperação econômica que impulsionou as vendas no varejo e a produção industrial até outubro, conforme dados do IBGE.
Entretanto, as margens na indústria de fécula têm sido pressionadas devido ao aumento significativo nos preços da mandioca. Isso compõe mais de 70% dos custos de produção. De junho até agora, o preço médio da mandioca posta na indústria subiu 62,4%, enquanto o preço da fécula (FOB indústria) aumentou 46,6%.
Os colaboradores do Cepea enfrentam dificuldades para repassar esses custos elevados para a comercialização da fécula. No entanto, esse impacto foi atenuado por um aumento nas vendas. No curto prazo, espera-se que a redução no volume processado durante a entressafra mantenha os preços da mandioca e da fécula firmes.