A cachaça mineira, famosa por sua qualidade, está se beneficiando de investimentos significativos em pesquisas científicas. Patrícia Freire, que dirige a Cachaçaria Sô Vicente em Perdões, no Sul de Minas Gerais, acredita firmemente que a ciência é fundamental para garantir a excelência no setor. Ela poderá contar com o apoio do recém-inaugurado Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC) na Universidade Federal de Lavras (Ufla).
O Centro recebeu mais de R$ 3,7 milhões do Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), para sua estruturação. Segundo Marcelo Speziali, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, a estruturação do CRAQC terá um impacto positivo significativo. “Teremos um produto mineiro com cada vez mais qualidade, impactando diretamente a economia de Minas Gerais, do grande ao pequeno produtor”, afirma.
Aliados na produção
Para registrar suas cachaças junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os produtores precisam comprovar a qualidade do produto através de análises físico-químicas e cromatográficas. Patrícia Freire realiza essas análises nos laboratórios da Ufla desde 2001, com o apoio da pesquisadora Maria das Graças Cardoso, que coordena pesquisas com cachaça há mais de 25 anos.
O CRAQC foi desenvolvido justamente para apoiar a valorização da cachaça mineira. “Fico muito feliz e agradeço a iniciativa do Governo do Estado e todos os dirigentes, com o apoio da Fapemig, em valorizar o que é nosso”, diz Maria das Graças. O Centro compreende um complexo de laboratórios que investigam a origem e formação dos principais congêneres e contaminantes da cachaça.
Impacto na economia e qualidade
Fernando Passalio, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, destaca a importância do CRAQC para a credibilidade e segurança do setor produtivo mineiro. “A cachaça de Minas é reconhecida e apreciada no Brasil e no mundo. Esse processo de certificação atesta a qualidade do produto e nos coloca como produtores de primeira linha”, afirma.
Débora Torres, da Cachaçaria J Fonseca, enfatiza a importância do conhecimento aplicado à produção. “O laboratório nos traz pesquisas de melhoramento da qualidade do produto, inovações, novas tecnologias, sustentabilidade e padrões de segurança. Investir em pesquisa nos mantém atualizados em um mercado competitivo”, diz.
Regularização
Atualmente, muitos produtores ainda operam na informalidade, embora Minas Gerais lidere em estabelecimentos registrados. Assim, o CRAQC torna-se essencial para regularizar esses pequenos produtores. Ele emitirá laudos sobre os 20 Parâmetros de Identidade e Qualidade (PIQs) necessários para o registro da cachaça no MAPA. Portanto, o Agro em Campo continua acompanhando de perto as principais pesquisas do setor.