Empresários estrangeiros estão prontos para investir mais no Brasil após uma semana de palestras, rodadas de investimentos e visitas externas durante o Rio + Agro, evento organizado pela ApexBrasil. Realizado de 29 de julho a 2 de agosto no Rio de Janeiro, o encontro reuniu investidores de 11 multinacionais dos setores de fertilizantes, energia verde e gás natural.
O evento, focado em reduzir o déficit brasileiro em fertilizantes e promover energias renováveis, confirmou o interesse dos investidores em ampliar negócios no Brasil. “Fizemos aqui um intenso trabalho para reduzir a dependência que o Brasil possui na área de fertilizantes, especialmente fertilizantes verdes, atraindo países que produzem tecnologias com mais eficiência energética, reduzindo a pegada de carbono dentro do agronegócio brasileiro”, disse Carlos Padilla, coordenador de Investimentos da ApexBrasil. O sucesso do Rio + Agro, que atraiu mais de 18 mil visitantes, garantiu sua segunda edição em 2025.
Sustentabilidade no agronegócio
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, depende fortemente da importação de fertilizantes. Gustavo Horbach, diretor-presidente da Eurochem para a América do Sul, afirmou: “Esse fórum foi um marco porque investimentos serão necessários para diminuir essa dependência internacional, já com esse viés de meio ambiente e sustentabilidade. O país apostou muito em desenvolvimento tecnológico, mas faltava investir em mais diálogo, que foi o grande mérito do evento.”
Os investidores participaram de visitas técnicas, incluindo ao parque tecnológico da UFRJ e ao Porto do Açu. No parque tecnológico, eles conheceram laboratórios que serão referência em fertilizantes. No Porto do Açu, ficaram impressionados com a infraestrutura moderna e seu papel estratégico na importação de gás natural e fertilizantes. “Todos se impressionaram com nosso avanço e aonde pode chegar a união do estado, mercado, empresas e ciência”, afirmou Bruna Festa, analista de Articulações Corporativas do Parque Tecnológico da UFRJ.
Reações e perspectivas
Empresas como a suíça Eurochem e a Atlas Agro elogiaram a iniciativa da ApexBrasil. A Eurochem, presente no Brasil desde 2016, destacou a importância do evento para reduzir a dependência internacional de fertilizantes. A Atlas Agro anunciou a construção de uma fábrica de fertilizantes nitrogenados em Uberaba, Minas Gerais, com investimento de R$ 4,3 bilhões. “À medida que a planta industrial de Uberaba entrar em novos estágios, vamos olhar outras localidades”, disse Rodrigo Santana, diretor de Operações da Atlas Agro.
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A Helexia, no Brasil há três anos, ficou impressionada com a estrutura e as rodadas de negócios. “Ficamos muito impressionados com todas as estruturas que vimos e com o alto nível das rodadas de negócios”, afirmou Aurelien Maudonnet, CEO da Helexia. Luca Pasco, da Casale, anunciou a abertura de um escritório em São Paulo, destacando o interesse em exportar tecnologia para fertilizantes. Ricardo Uerhara, da Anodox, agradeceu a ApexBrasil: “Agradecemos a Apex por abrir tantas portas. O evento foi uma oportunidade de fazer network intenso com outras empresas e instituições governamentais. E também de discutir soluções de descarbonização na indústria e investimentos de grande porte no Brasil.”
Integração entre investidores e instituições brasileiras
O evento também promoveu a integração entre investidores e instituições brasileiras. O tour técnico incluiu visitas ao Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) e workshops técnicos Brasil-Bolívia. Representantes das estatais bolivianas YPFB e EBIH discutiram projetos conjuntos com a Petrobras para aumentar a produção de fertilizantes. “Uma de nossas principais unidades de negócios são fertilizantes e, por isso, nosso destino é desenvolver projetos conjuntos com nosso vizinho brasileiro e gerar sinergia para beneficiar os dois países”, afirmou Alejandro Gallardo, gerente-geral da EBIH.
O governo brasileiro busca atrair investimentos agrossocioambientais para descarbonizar a produção de fertilizantes. Com foco em biogás, biocombustíveis e máquinas para pequenos agricultores, a meta do Plano Nacional dos Fertilizantes é atender até 50% da demanda interna até 2050. Fernando Matsumoto, do Ministério de Minas e Energia, explicou. “Nossa estratégia passa por ter um aumento de oferta de gás natural nacional, o que aumenta a concorrência, e trazer um gás mais barato e competitivo, especialmente para o setor crítico de fertilizantes, que envolve segurança alimentar.”