Na tarde de terça-feira (28), um voo proveniente da Nigéria foi alvo de uma ação de fiscalização no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Durante a inspeção de rotina, os aparelhos de raio-X detectaram material orgânico em uma bagagem, levando à verificação imediata pelo Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Dentro da mala, havia ratos empalhados, morcegos, camaleões, cabeças de cobra, bagres secos e até uma cabeça decapitada de cachorro, além de diversas larvas. As autoridades apreenderam o material e o encaminharam para incineração.
De acordo com o Vigiagro, a bagagem era uma encomenda, e o destinatário aguardava do lado de fora da área de fiscalização. A apreensão de restos de animais e animais silvestres não é incomum no aeroporto. No final de novembro, por exemplo, o Vigiagro interceptou uma bagagem com 386 tartaruguinhas de casco mole chinesas, que também representavam risco à saúde animal e ao meio ambiente.
Por que a entrada desses materiais é proibida?
A Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa proíbe a entrada de materiais orgânicos sem certificação e tratamento adequado por questões zoossanitárias. Produtos como os encontrados podem carregar larvas, insetos ou micro-organismos que representam um risco grave de introduzir doenças e pragas no país. Esses patógenos podem comprometer a produção agropecuária nacional, afetando tanto a economia quanto a segurança alimentar do Brasil.
A introdução de espécies exóticas ou doenças pode causar desequilíbrios ecológicos e prejuízos bilionários ao agronegócio. Um exemplo histórico é o caso do fungo Fusarium oxysporum, causador do mal-do-Panamá, que devastou plantações de banana em várias partes do mundo. Por isso, países com sistemas eficientes de defesa agropecuária, como o Brasil, restringem rigorosamente a entrada de materiais orgânicos não certificados.
Além do caso recente das tartaruguinhas chinesas, outros incidentes chamaram a atenção nos últimos anos. Em 2021, o Vigiagro apreendeu mais de 1 tonelada de carne de javali em um voo vindo da Europa. Em 2020, foram interceptados 27 quilos de sementes não declaradas em encomendas vindas da Ásia, que poderiam carregar pragas agrícolas. Esses casos reforçam a importância da fiscalização para proteger o patrimônio agropecuário e ambiental do país.
Recomendações para viajantes
O Mapa recomenda que passageiros e importadores consultem as listas de restrições do país de destino antes de viajar ou enviar encomendas. A entrada de produtos de origem animal ou vegetal sem autorização pode resultar em multas, apreensão dos materiais e até processos criminais. A conscientização e a colaboração da população são essenciais para evitar riscos à saúde animal, vegetal e humana.
As autoridades incineraram o material apreendido no voo da Nigéria para eliminar qualquer risco de contaminação. O caso serve como alerta para os perigos associados ao transporte irregular de produtos orgânicos e reforça a necessidade de manter os controles sanitários nas fronteiras do país.
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