O acesso ao crédito continua sendo um dos principais obstáculos para o agronegócio no Brasil, especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs), que representam 99% das companhias do país e são responsáveis por mais da metade dos empregos formais. Apesar da importância do setor para a economia nacional, a burocracia, exigências rigorosas e limitações do mercado financeiro dificultam o financiamento dessas empresas, restringindo investimentos e o potencial de crescimento.
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Exigência de garantias limita acesso ao crédito
Uma das maiores barreiras para as PMEs do agronegócio é a necessidade de oferecer garantias robustas para conseguir empréstimos. Muitas dessas empresas não possuem bens ou ativos suficientes, como imóveis ou equipamentos de alto valor, para atender às exigências dos bancos, que veem as PMEs como riscos elevados. Essa situação dificulta o acesso a financiamentos essenciais para expansão, modernização e competitividade, especialmente para negócios em fase inicial ou consolidação.
- Falta de histórico de crédito prejudica aprovação
A ausência de histórico de crédito é outro desafio significativo. Sem registros prévios de financiamentos, as instituições financeiras têm dificuldade em avaliar a capacidade de pagamento das empresas, levando à recusa de empréstimos. Esse ciclo vicioso impede que as PMEs construam reputação financeira, obrigando muitos empreendedores a recorrerem a linhas de crédito pessoal, que são mais caras e inadequadas para sustentar o crescimento empresarial.
- Desorganização financeira dificulta análise e aprovação
A falta de organização financeira é um gargalo crítico. Empresas que não possuem balanços claros, registros contábeis atualizados e documentação formalizada enfrentam dificuldades para iniciar pedidos de crédito. A ausência dessas informações atrasa processos, aumenta a burocracia e frustra os empreendedores. A adoção de boas práticas financeiras, como planejamento de fluxo de caixa e controle fiscal rigoroso, é fundamental para facilitar o acesso ao crédito e garantir a sustentabilidade dos negócios.
- Escolha inadequada da linha de crédito pode agravar problemas
Selecionar a linha de crédito errada pode gerar desequilíbrios financeiros graves. Taxas de juros elevadas e prazos incompatíveis com o fluxo de caixa podem levar à inadimplência e até à falência. Empresas com histórico de dívidas enfrentam ainda mais restrições, pois são consideradas de alto risco pelos bancos. A falta de análise detalhada do perfil financeiro antes da contratação pode resultar em condições de pagamento prejudiciais para as PMEs.
Alternativas digitais facilitam crédito com melhores condições
Frente a esses desafios, fintechs e plataformas digitais têm se destacado como soluções inovadoras para destravar o crédito no agronegócio. A fintech M3 Lending, por exemplo, conecta diretamente pequenas e médias empresas a investidores, oferecendo taxas de juros até 22% menores que as praticadas por bancos tradicionais, além de processos digitais e menos burocráticos.
Fundada em Belo Horizonte em 2021, a M3 Lending permite que investidores a partir de R$ 250 financiem negócios do agronegócio, promovendo um modelo inclusivo e eficiente. Atualmente, a plataforma conta com mais de 2 mil usuários entre tomadores e investidores. E impulsiona o crescimento de empresas que buscam crédito para compra de estoques, expansão e fortalecimento do capital de giro.
Cenário desafiador
O agronegócio brasileiro enfrenta um cenário desafiador em 2025, marcado pela alta da taxa Selic, que chegou a 14,75% ao ano. E pela restrição nas linhas de crédito rural tradicionais. A combinação de juros elevados, exigências ambientais mais rigorosas e instabilidade econômica limita o acesso a financiamentos. Especialmente para pequenos e médios produtores, que dependem do crédito para custear insumos, máquinas e investimentos na safra.
Especialistas apontam que a retração no crédito desestimula a produção e aumenta o risco de desaceleração econômica no setor, que é fundamental para o PIB nacional e a segurança alimentar. Nesse contexto, soluções tecnológicas e modelos alternativos de financiamento ganham relevância para superar as barreiras e garantir a continuidade do crescimento do agronegócio brasileiro.
Este panorama reforça a importância de políticas públicas estáveis, inovação financeira e gestão eficiente para ampliar o acesso ao crédito no agronegócio. Promovendo o desenvolvimento sustentável e a competitividade do setor no Brasil.
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