O painel “Futuro da Cafeicultura Sustentável” foi um dos destaques no segundo dia do 10º Coffee Dinner & Summit, evento promovido pelo Cecafé, em Campinas (SP). A atividade contou com a presença da diretora executiva da Organização Internacional do Café (OIC), Vanúsia Nogueira, que enalteceu o protagonismo do Brasil nas práticas sustentáveis da cadeia cafeeira em entrevista ao Portal Agro em Campo.
“O Brasil, de uma forma geral, está muito avançado. O setor de café está avançado em todas essas questões. Se a gente lembrar que começamos a fazer certificações voluntárias de sustentabilidade no café ainda nos anos 90, isso significa que a gente já tem essa preocupação. É muito intrínseco no produtor de café, já há muitos anos, essa preocupação com o meio ambiente e social”, afirmou.
Para Vanúsia, o diferencial atual não está necessariamente nas exigências sustentáveis em si, mas na forma como os países precisam comprovar essas práticas. “O que veio como novidade das regulações foi muito sobre como demonstrar, o que se fazer”, avaliou ela.
Ela lembrou que o Brasil é um exemplo para o mundo, resultado de décadas de investimento em pesquisa e conscientização.
“O Brasil é indiscutivelmente uma referência para o mundo em termos de sustentabilidade no agro, seja ela ambiental e social. Nós tivemos um agro que foi desenvolvido muito fortemente, principalmente com as questões da Embrapa. Nós criamos toda essa conscientização e a gente continua seguindo com ela. Nesse sentido, indiscutivelmente o Brasil é uma referência mundial”.
Regulação única no setor?
Ao ser questionada sobre a possibilidade da criação de uma regulação única para o setor cafeeiro, Vanúsia relembrou o histórico de mercado e foi direta e objetiva na resposta.
“Nós vivemos nesse mundo que foi o mercado regulado de café de 1963 até 1989. Em 1989, na OIC, os membros decidiram: nós vamos para o livre mercado. Fizemos uma transição até o início dos 90 e depois se foi para o livre mercado. Em diversos momentos, inclusive de crise de preços, voltou-se a refletir: será que é o momento de voltar de novo e se ter uma regulação de mercado? E a resposta foi não. Precisamos deixar que o mercado se auto regule. E acho que isso também vai ocorrer com todas essas questões de sustentabilidade.”
Por fim, Vanúsia também ressaltou o papel do consumidor na transformação da cadeia de café, mais exigente e consciente.
“São gerações cada vez mais conscientes. E com o advento da internet, eles têm acesso a tudo. Todos nós temos e eles com muita facilidade, porque já nascem com o computador na mão. […] Nós temos que estar dentro de um mundo cada vez mais transparente e tratando isso com naturalidade. Estamos fazendo tudo bonitinho”, concluiu.