O Brasil tem intensificado seus investimentos na valorização e regulamentação da produção de queijos regionais, promovendo iniciativas que fortalecem a identidade cultural e o desenvolvimento econômico de diversas regiões. Projetos em estados como Santa Catarina, Rondônia e Minas Gerais revelam um esforço articulado entre governos estaduais, instituições de pesquisa e produtores locais para qualificar a produção e garantir a segurança e a originalidade dos produtos.
Santa Catarina aposta na regulamentação do queijinho branco do Vale do Itajaí
No Médio Vale do Itajaí, em Santa Catarina, o tradicional queijinho branco, presente em receitas da colonização alemã, como o kochkäse e a torta de queijinho, está em processo de regulamentação. Em 3 de abril, na sede da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em Blumenau, foram apresentados os avanços para a elaboração do Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) do produto.

A proposta prevê a possibilidade de fabricação com leite cru, desde que atendidas as exigências sanitárias e de qualidade do leite, incluindo a utilização de soro do dia anterior para a coagulação. Estudos apontam que o uso de coalho industrial pode comprometer as características sensoriais do queijo, como sabor e textura.
Análises laboratoriais indicaram a presença de microrganismos específicos e probióticos, fundamentais para a identidade do queijo e benéficos à saúde. A regulamentação busca preservar essas qualidades e promover a comercialização segura e valorizada do produto. O projeto é fruto de uma parceria entre a Universidade Regional de Blumenau (Furb), a Epagri, a Cidasc e a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, com apoio da Fapesc.
Rondônia investe na qualificação das agroindústrias familiares
No Norte do país, o estado de Rondônia tem incentivado a qualificação dos produtores por meio do Curso de Produção Queijeira – Padrões e Qualidade dos Queijos das Agroindústrias Familiares, realizado em Ji-Paraná entre os dias 7 e 9 de abril. A ação faz parte da política estadual de valorização das agroindústrias familiares e busca ampliar a produção local com foco na qualidade, legalização e acesso a novos mercados.
Com cerca de 90 participantes, o curso ofereceu formação técnica com especialistas de Minas Gerais, abordando temas como microbiologia do leite, maturação e legislações sanitárias. A iniciativa é promovida pela Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), com apoio de instituições como Emater-RO, Sebrae, Senar e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Para o governador Marcos Rocha, o curso e o Concurso de Queijos de Rondônia (ConQueijo) são pilares da estratégia de valorização da produção local. Já o secretário de Agricultura, Luiz Paulo, destacou que o fortalecimento técnico das agroindústrias contribui para a geração de renda, segurança alimentar e reconhecimento dos produtos de origem.
Minas Gerais avança na regulamentação do requeijão moreno
No Sudeste, Minas Gerais está na fase final da regulamentação do requeijão moreno, um queijo típico do Vale do Mucuri e do Norte de Minas. Conhecido por sua textura cremosa, sabor levemente adocicado e coloração escura, o produto será contemplado com o primeiro RTIQ específico, previsto para ser publicado até o fim de 2025.
A caracterização técnico-científica do queijo está sendo conduzida pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Com apoio da Epamig e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A pesquisa inclui análises microbiológicas, físico-químicas e sensoriais, fundamentais para a definição de critérios de produção e rotulagem.

Segundo o pesquisador Daniel Arantes, da Epamig, o regulamento será essencial para proteger a identidade do produto e facilitar a legalização das queijarias artesanais. A ação integra o projeto “Estado da Arte de Queijos Artesanais Emergentes Produzidos em Minas Gerais”. E envolve outras regiões reconhecidas por sua tradição queijeira, como Jequitinhonha, Serra da Ibitipoca e Serra Geral.
Valorização cultural e desenvolvimento econômico
As ações em Santa Catarina, Rondônia e Minas Gerais revelam uma tendência nacional de reconhecimento e valorização dos queijos artesanais regionais. A união entre governo, instituições de pesquisa e produtores garante a identidade, fortalece a segurança alimentar e amplia o potencial de mercado desses produtos.
Ao fortalecer a cadeia produtiva do queijo artesanal, o Brasil não apenas resgata saberes tradicionais. Mas também amplia oportunidades econômicas, promove o desenvolvimento sustentável e projeta a diversidade gastronômica do país no cenário nacional e internacional.
Afinal, queijos regionais com marcas reconhecidas tem um valor agregado maior, gerando mais renda para os produtores, e podendo abrir até mercados internacionais.
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