O Brasil liderou nesta quinta-feira (17), em Brasília, uma reunião estratégica do BRICS sobre agricultura e sustentabilidade. O ministro Carlos Fávaro conduziu a abertura do encontro no Palácio do Itamaraty. A Reunião Ministerial do Grupo de Trabalho de Agricultura (AWG) contou com representantes dos 11 países do bloco.
Atualmente, o BRICS inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Em resumo, o objetivo do encontro foi discutir soluções conjuntas para os desafios agrícolas globais e promover práticas sustentáveis no setor.
Os países do BRICS concentram cerca de 30% das terras agrícolas do mundo e metade da população global. Em geral, também respondem por 30% da pesca extrativa e 70% da produção aquícola mundial. Além disso, reúnem mais da metade dos 550 milhões de estabelecimentos familiares agrícolas do planeta. Esses agricultores produzem cerca de 80% dos alimentos em termos de valor. Por isso, o bloco ocupa posição estratégica na segurança alimentar global. Carlos Fávaro destacou a responsabilidade dos países em liderar uma agenda sustentável e inclusiva para o setor. — O futuro da agricultura depende da nossa capacidade de inovar com equidade, produzir com responsabilidade e cooperar com confiança — afirmou Fávaro.
O ministro também ressaltou o papel do BRICS como protagonista na produção global de grãos, carnes, fertilizantes e fibras. Durante a reunião, os países firmaram compromissos importantes na nova Declaração Ministerial de Agricultura.
Segurança alimentar e combate à fome
Os países reafirmaram o apoio à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Ao mesmo tempo, também se comprometeram com políticas públicas focadas na redução da insegurança alimentar e promoção da nutrição.
Valorização da agricultura familiar
Os ministros reconheceram a importância dos agricultores familiares, povos indígenas e comunidades locais. Eles geram renda no campo e manejam os recursos naturais de forma sustentável. Portanto, o BRICS vai fortalecer políticas públicas e ampliar a cooperação técnica dentro da Década da Agricultura Familiar da ONU (2019–2028).
Parceria para restauração de terras
Foi lançada a Parceria dos BRICS para a Restauração de Terras. Ou seja, a iniciativa quer recuperar áreas degradadas e fortalecer a agricultura sustentável e a segurança alimentar. Portanto, o grupo vai investir em pesquisa sobre degradação do solo, estimular soluções técnicas e buscar financiamento com bancos de desenvolvimento e setor privado.
Pesca e aquicultura sustentáveis
Os ministros criaram um diálogo sobre Pesca e Aquicultura. O objetivo é promover práticas sustentáveis, apoiar pescadores artesanais e integrar energias renováveis às cadeias produtivas. Ao mesmo tempo, o BRICS também reconheceu a pesca artesanal como patrimônio cultural.
Inclusão de mulheres e jovens
Os países firmaram compromisso com a igualdade de gênero nos setores agrícola e aquícola. Ou seja, as medidas incluem acesso a crédito, tecnologia e inovação para mulheres. Também houve apoio à permanência de jovens no campo, com políticas de acesso à terra, educação e financiamento.
Inovação e sustentabilidade na agricultura
O encontro reforçou o foco em uma agricultura sustentável, resiliente ao clima e baseada em práticas agroecológicas. Em resumo, os países defenderam o uso de bioinsumos, conservação da biodiversidade e manejo eficiente da água. Além disso, também apoiaram o fortalecimento da Plataforma de Pesquisa Agrícola dos BRICS (BARP).
Tecnologia para pequenos produtores
Os ministros destacaram a importância de máquinas adaptadas à realidade da agricultura familiar. O objetivo é aumentar a produção e estimular a organização coletiva por meio de cooperativas e associações.
Comércio agrícola sustentável
Os países avançaram na proposta de criar um Mecanismo de Financiamento de Importações de Alimentos, inspirado na FAO. A ideia é apoiar países em desenvolvimento com base em práticas sustentáveis. Também foi debatida a criação de uma Bolsa de Grãos do BRICS para facilitar o comércio interno.
Certificação eletrônica no comércio
Os ministros promoveram o uso de certificados eletrônicos fitossanitários e veterinários. A medida visa tornar o comércio mais seguro e eficiente. Também foi apoiada a adoção de normas da ONU/CEFACT e a interconexão entre plataformas nacionais de certificação.
Plano de Ação 2025–2028
Durante o encontro, os países iniciaram a negociação do novo Plano de Ação para Cooperação Agrícola. O documento vai consolidar e operacionalizar os compromissos assumidos nesta reunião.
Convite à COP 30 em Belém
Ao final do evento, o ministro Fávaro convidou os países do BRICS para participarem da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro, na cidade de Belém (PA). — A COP será uma oportunidade histórica para integrar as agendas de agricultura, clima e desenvolvimento sustentável — destacou o ministro.
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