Fazendeiros do Pantanal têm recorrido ao uso de búfalos como estratégia para proteger rebanhos bovinos contra ataques de onças-pintadas. A prática consiste em introduzir búfalos junto ao gado, especialmente próximos a matas ciliares, formando uma espécie de “barreira de proteção” natural. Diferentemente dos bovinos, que costumam fugir e se tornam presas fáceis, os búfalos reagem em grupo diante da presença do predador, chegando a enfrentar e espantar as onças.
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Na Fazenda Porto Jofre, por exemplo, o proprietário relata que, após adotar a convivência de 20 búfalos com cerca de 300 cabeças de gado nelore, deixou de perder aproximadamente 70 bezerros por ano devido à predação. Os búfalos, mais pesados e agressivos, cercam os filhotes e intimidam as onças, reduzindo os ataques.
Falta comprovação
Apesar dos relatos de sucesso, especialistas alertam para a ausência de comprovação científica de que a presença dos búfalos realmente diminua as mortes de bovinos. Segundo veterinários e pesquisadores, o instinto de proteção deles é mais voltado para indivíduos da própria espécie, e não necessariamente se estende ao gado. Além disso, a criação de búfalos traz riscos ambientais e sanitários: animais que escapam do manejo podem formar bandos selvagens, sem predadores naturais, causando impactos como assoreamento de rios, transmissão de doenças e competição com espécies nativas.
Outro desafio é o manejo. Os búfalos exigem contato diário para se manterem dóceis, e a cultura local do Pantanal, baseada em criação extensiva, dificulta esse controle.
Portanto, embora a ideia de usar búfalos como proteção contra onças tenha ganhado espaço entre alguns produtores, não há consenso sobre sua eficácia e segurança. Assim, a recomendação de especialistas é que a decisão seja tomada com cautela, considerando os potenciais impactos ambientais, sanitários e de manejo na região.
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