A União Europeia (UE) chocou amantes de café e entusiastas de bebidas energéticas ao classificar a cafeína como “prejudicial aos humanos se ingerida” em novas diretrizes de segurança química. A medida, que também proíbe seu uso como pesticida, baseia-se em estudos que apontam riscos cardiovasculares, neurológicos e para gestantes. Apesar de focar no uso agrícola, a decisão reacendeu debates sobre o futuro do consumo diário da substância na Europa — continente onde o café é um pilar cultural.
A Comissão Europeia citou dados da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) que associam a cafeína a:
- Efeitos no coração: Aumento da frequência cardíaca e risco de desidratação em adultos.
- Impacto neurológico: Ansiedade, alterações de comportamento e distúrbios do sono em adultos e crianças.
- Riscos na gravidez: Possível redução do peso fetal.
Café em xeque? Entenda os limites da regulamentação
Apesar do alerta, especialistas garantem: o café não está com os dias contados. Dr. Jagadish Hiremath, especialista em saúde pública, explica que a classificação visa contextos específicos, como pesticidas e produtos industriais com altas concentrações de cafeína.
“O consumo moderado em bebidas tradicionais, como café e chá, continua seguro. Os benefícios, como aumento do alerta e proteção contra doenças neurodegenerativas, são respaldados por décadas de pesquisa”, afirma. A preocupação da UE, segundo ele, está em produtos não alimentícios e no uso excessivo em grupos vulneráveis, como crianças e gestantes.
Bebidas energéticas na mira
Enquanto o café deve escapar de restrições severas, o mesmo não se aplica a bebidas energéticas. Esses produtos, que combinam cafeína com outros estimulantes, podem enfrentar:
- Alertas mais visíveis sobre limites seguros de consumo.
- Restrições a publicidade voltada a jovens.
- Revisão de fórmulas para reduzir concentrações altas.
“É uma questão de dosagem. Uma lata de energético pode ter até 300 mg de cafeína — equivalente a três xícaras de café. Para adolescentes, isso é preocupante”, alerta Hiremath.
Cafeína vs. álcool e açúcar: qual é o risco real?
Apesar do tom alarmista, o especialista ressalta que a cafeína é menos nociva que outras substâncias comuns:
- Álcool: Associado a doenças hepáticas, câncer e dependência.
- Açúcar refinado: Ligado à obesidade, diabetes e síndrome metabólica.
“Os efeitos negativos da cafeína são temporários e dependem da quantidade. Já o consumo crônico de álcool ou açúcar causa danos irreversíveis”, compara.
O que muda para o consumidor?
No curto prazo, nada. A regulamentação não afeta a venda de café ou energéticos, mas pode:
- Influenciar rótulos: Informações claras sobre teor de cafeína.
- Estimular debates: Limites máximos para produtos industrializados.
- Alertar grupos de risco: Gestantes e cardíacos devem moderar o consumo.
A classificação da UE reflete uma tendência global de regulamentação preventiva, mas não condena o café — bebida com 1.000 anos de história na Europa. Para a maioria, o conselho é simples: até 400 mg de cafeína por dia (cerca de 4 xícaras) são seguros para adultos saudáveis. Já para energéticos, a regra é clara: menos é mais.
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