A adoção de uma tecnologia inovadora desenvolvida pela Embrapa Amazônia Ocidental tem revolucionado a produção de banana nos estados do Amazonas, Acre e Rondônia. A técnica de controle da Sigatoka-negra, principal doença da bananeira na região, permitiu um significativo aumento da produtividade e viabilizou a expansão da cultura.
Segundo o Relatório de Avaliação de Impactos das Tecnologias da Embrapa, elaborado pelas unidades da instituição no Acre, Amazonas e Rondônia, a tecnologia tem gerado impactos sociais, econômicos e ambientais significativos. A aplicação eficiente de fungicidas garantiu a permanência da bananicultura na região, protegendo o sustento de milhares de produtores.
A técnica permitiu o retorno ao mercado de variedades tradicionais, como Prata Comum e Pacovan, essenciais para o consumo local. O pesquisador Lindomar de Jesus de Sousa Silva destaca que a tecnologia proporcionou melhorias na geração de renda e no desenvolvimento das propriedades de forma sustentável, ampliando a oferta da banana para a população amazônica.
Expansão e acesso a novos mercados
A perspectiva é de expansão do cultivo com a implantação de casas de embalagem e adesão ao sistema de mitigação de riscos da Sigatoka-negra. Atualmente, o mercado da banana da Amazônia está concentrado na região Norte, mas a melhoria na logística pode facilitar o acesso a novos estados e países.
A tecnologia foi desenvolvida pela Embrapa Amazonas e validada no Acre e Rondônia, com unidades demonstrativas para capacitação de agricultores. O aplicador, criado em 2001 e disponibilizado em 2008, vem sendo amplamente adotado desde 2009.
Como funciona a técnica de controle da Sigatoka-negra
O método consiste na aplicação direcionada de fungicida na axila da segunda folha da bananeira, utilizando um dispositivo adaptado de uma seringa veterinária. Com isso, o produto é depositado exatamente onde é necessário, reduzindo sua dispersão ambiental. Apenas três aplicações por ciclo produtivo são suficientes para o controle da doença, garantindo maior sustentabilidade ao processo.
A introdução dessa tecnologia ajudou a frear o declínio das plantações de banana tradicionais na região. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, entre 2013 e 2022, houve um crescimento expressivo na produção de banana nos três estados:
- Acre: Produção aumentou de 77,7 mil para 82,8 mil toneladas, com produtividade saltando de 10,6 t/ha para 12,4 t/ha.
- Amazonas: A produção passou de 84,7 mil para 88,7 mil toneladas, com um pico de 113,3 mil toneladas em 2018. A produtividade cresceu de 12,7 t/ha para 14,4 t/ha.
- Rondônia: Produção subiu de 70,6 mil para 81,9 mil toneladas, com produtividade crescendo de 8,5 t/ha para 11,6 t/ha.
Logística aprimorada fortalece o mercado
Manaus, principal centro consumidor da região, recebe parte significativa da produção do Acre e de Rondônia, transportada por um arranjo logístico rodoviário e hidroviário. Esse sistema, aliado à adoção da nova tecnologia, garantiu competitividade aos agricultores.
A produtora Cristiana Gomes, de Presidente Figueiredo (AM), destaca a mudança positiva na sua produção de banana Pacovan. “Antes, eu precisava replantar todo ano devido à doença. Com a técnica da Embrapa, desde 2018 minha plantanção continua produtiva e saudável”, afirma.
Impactos culturais e econômicos
A tecnologia não apenas impulsionou a produção de banana, mas também resgatou a cultura alimentar da região, permitindo que a população continue consumindo variedades tradicionais. Além disso, a renda gerada pela bananicultura tem estimulado a diversificação da produção, com agricultores investindo em cultivos como maracujá, melancia, açaí, mandioca e hortaliças.
Com essa solução inovadora, a bananicultura da Amazônia Ocidental ganha força, promovendo sustentação econômica, segurança alimentar e desenvolvimento regional.
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