Vamos abrir um espaço em nosso site para entrevistar os principais nomes do Brasil em suas profissões, não se limitando ao segmento agro. E vamos começar com um profissional que dedicou sua carreira à proteção do país.
Com uma trajetória marcada por liderança estratégica, atuação internacional e reconhecimento institucional, Anderson de Melo Reis consolidou-se como uma das principais referências em desenvolvimento organizacional dentro das Forças Armadas brasileiras. Capitão de Mar e Guerra da Marinha do Brasil, Anderson comandou unidades de grande complexidade, liderou operações com organismos multilaterais e recebeu distinções por sua atuação em contextos críticos. Agora, em transição para o mercado norte-americano, ele busca expandir sua contribuição em ambientes corporativos e acadêmicos que valorizem excelência, ética e performance institucional.
Entrevista com o Capitão de Mar e Guerra da Marinha do Brasil, Anderson de Melo Reis
Anderson, ao longo de sua trajetória, você recebeu algumas distinções bastante raras em sua área. Que tipo de circunstâncias profissionais levaram a esses reconhecimentos?
Anderson de Melo Reis: Acredito que os reconhecimentos que recebi foram consequência direta da responsabilidade que assumi em contextos muito específicos e sensíveis, especialmente em ambientes multinacionais. O trabalho em operações conjuntas, sob coordenação de organismos internacionais, exige não apenas conhecimento técnico, mas também capacidade de articulação, mediação e liderança. Tive a honra de ser reconhecido por esses esforços em momentos importantes da minha carreira, o que reforça o compromisso institucional com resultados concretos.
Poucas pessoas costumam receber esses reconhecimentos. O que você acredita que diferenciou sua atuação?
Anderson de Melo Reis: Em geral, os contextos nos quais atuei requeriam decisões rápidas, estratégias claras e coordenação de equipes sob pressão. Em particular, liderei operações em que a interlocução entre forças de diferentes países era essencial — e minha formação, aliada à vivência prática em diversas frentes da Marinha do Brasil, me permitiu navegar com segurança por essas situações. Acredito que o diferencial esteve em transformar desafios operacionais em oportunidades de cooperação, sem perder o foco nos valores institucionais.
Desenvolvimento e gestão de pessoas
Como sua formação militar influenciou sua abordagem ao desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas?
Anderson de Melo Reis: Minha formação militar foi fundamental para moldar minha visão estratégica e humanizada da gestão organizacional. Na Marinha do Brasil, ocupei cargos de alto escalão com grande responsabilidade sobre recursos humanos, financeiros e logísticos. Essa vivência me ensinou a importância da disciplina, da clareza de objetivos e da valorização do potencial humano como força motriz das organizações. Sempre procurei liderar com empatia, reconhecendo e incentivando os pontos fortes individuais de cada subordinado, promovendo assim um ambiente de confiança, comprometimento e alta performance. A estrutura e os valores militares me deram base sólida para aplicar princípios de meritocracia, desenvolvimento contínuo e planejamento de longo prazo na gestão de equipes.
Poderia dar um exemplo de uma situação em que sua liderança tenha sido essencial para o sucesso de uma missão ou projeto?
Anderson de Melo Reis: Uma das situações mais emblemáticas foi durante o comando de uma unidade envolvida em operação conjunta com apoio internacional. Havia um alto grau de complexidade logística e política, e coube a mim construir a ponte entre as diretrizes institucionais e a execução no terreno. Coordenamos treinamentos, rotinas operacionais e fluxos administrativos sob supervisão de instâncias internacionais, o que exigia precisão, clareza e confiança. Foi um período desafiador — e muito gratificante.
Maiores desafios
Quais foram os maiores desafios institucionais que enfrentou como comandante, e como lidou com eles?
Anderson de Melo Reis: Os maiores desafios estiveram relacionados à gestão eficiente de recursos escassos, à motivação de grandes efetivos em cenários adversos e à necessidade constante de adaptação a mudanças institucionais e operacionais. Como comandante, enfrentei situações que exigiram decisões rápidas, mas sempre pautadas na análise estratégica e no diálogo com a equipe. Um dos pilares que utilizei para superar esses desafios foi a comunicação clara e transparente, aliada à escuta ativa e à valorização das contribuições individuais. Ao estabelecer metas bem definidas, alinhar propósitos e reforçar a cultura organizacional, consegui manter a coesão do grupo e a eficácia operacional, mesmo em contextos de alta complexidade.
Como você enxerga a transferência das competências desenvolvidas na Marinha para o setor privado ou para ambientes acadêmicos?
Anderson de Melo Reis: As competências desenvolvidas na Marinha são altamente transferíveis e valiosas tanto para o setor privado quanto para o meio acadêmico. A liderança estratégica, a resiliência, a gestão de crises, o planejamento logístico e a capacidade de tomada de decisão sob pressão são habilidades essenciais em qualquer ambiente organizacional. Além disso, a experiência em liderar grandes equipes e desenvolver talentos pode ser aplicada diretamente em empresas que buscam inovação, eficiência e desenvolvimento humano. No campo acadêmico, posso contribuir com uma visão prática da gestão e da liderança, agregando experiências reais à formação teórica de alunos e profissionais. Acredito que essa vivência é um diferencial para contribuir com a formação de líderes mais preparados e conscientes de seu papel social e institucional.
E como você avalia esta nova fase nos Estados Unidos?
Anderson de Melo Reis: Vejo como uma extensão natural do trabalho que venho desenvolvendo. Ao longo da minha carreira, sempre busquei ambientes em que fosse possível agregar valor humano e institucional. Nos Estados Unidos, acredito que posso contribuir com organizações que valorizem excelência, ética, visão estratégica e resultados. Tenho convicção de que o acúmulo de experiências que trago pode ser uma ferramenta concreta de transformação positiva.
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