Grão Mogol, município localizado ao pé da Cordilheira do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais, está se destacando como referência na produção de uvas e vinhos de alta qualidade, mesmo em condições climáticas desafiadoras típicas do semiárido. Com técnicas modernas de irrigação, manejo adequado e apoio técnico de instituições como a Epamig e a Unimontes, produtores locais têm alcançado produtividade excepcional e reconhecimento nacional.
Apesar da baixa incidência de chuvas – cerca de 900 mm por ano – e do clima quente e seco, os vinhedos de Grão Mogol apresentam produtividade média de 4 quilos por planta da variedade Merlot, com duas safras anuais. Essa performance é resultado da adoção de fertirrigação, manejo eficiente e constante troca de informações entre produtores e pesquisadores. O município já produz vinhos de diversos estilos, incluindo espumantes, vinhos licorosos, brancos, jovens e tintos de guarda, que podem envelhecer por até 20 anos.
Reconhecimento nacional e desenvolvimento local
O sucesso da vitivinicultura local foi reconhecido em 2024, quando o vinho Casa Velha, produzido pela vinícola Vale do Gongo, conquistou a medalha Grande Ouro no Concurso Nacional de Vinhos de Mesa, realizado em Bento Gonçalves (RS), referência nacional no setor. Essa foi a primeira vez que um vinho do Norte de Minas obteve destaque em um concurso desse porte, comprovando o potencial do terroir sertanejo para a produção de vinhos de excelência.

A parceria entre produtores e instituições de pesquisa tem sido fundamental para o avanço da viticultura em Grão Mogol. Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Vitivinicultura da Epamig, Renata Vieira, as condições de solo e clima da região permitem duas safras anuais apenas com manejo de irrigação e poda, sem a necessidade da técnica de dupla poda utilizada em outras regiões do estado. Estudos em andamento buscam aprimorar ainda mais o manejo das variedades cultivadas, especialmente a Merlot.
Impacto econômico e fortalecimento do enoturismo
Além da produção de uvas e vinhos, Grão Mogol também se destaca pelo desenvolvimento do enoturismo. O setor turístico local cresceu mais de 300% nos últimos anos, impulsionado pelas experiências oferecidas nas vinícolas e pela valorização dos produtos regionais. O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, destacou o potencial do município não apenas para a vitivinicultura, mas também para o cultivo de café, devido à topografia e altitude favoráveis.
Com produção anual de 60 toneladas de uvas e 15 mil litros de vinho, além de uma produtividade de até 50 toneladas por hectare para uvas de mesa, Grão Mogol consolida-se como um novo polo da vitivinicultura brasileira. O microclima local, marcado por noites frias e clima seco, contribui para a qualidade das uvas, favorecendo a maturação fenólica e o controle de patógenos, fatores essenciais para a produção de vinhos premiados.
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