O governo japonês deu o primeiro passo para abrir seu mercado à carne bovina e aos biocombustíveis brasileiros. Durante visita oficial ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmou quase 90 acordos, incluindo memorandos e contratos comerciais.
Lula afirmou que a parceria entre os dois países alcançou um novo patamar. “Saio [do país] para dizer aos brasileiros que a relação entre o Japão e o Brasil mudou de patamar”, declarou ao fim do encontro no Palácio Akasaka, em Tóquio.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, garantiu que manterá contato com Lula para reforçar os investimentos japoneses no Brasil. Desde 2020, empresas japonesas aplicaram R$ 44 bilhões no país.
O anúncio inesperado foi a decisão do Japão de enviar técnicos ao Brasil nos próximos 60 dias para inspecionar a produção de carne bovina. Essa análise representa um passo estratégico para liberar a exportação do produto ao mercado japonês.
O Brasil, maior exportador mundial do produto, atende cerca de 160 países e busca essa habilitação há quase duas décadas.
ABIEC
A ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) tem trabalhado ativamente para viabilizar essa conquista, junto ao governo brasileiro e ao setor produtivo. Nos últimos dois anos, missões técnicas e diplomáticas registraram avanços expressivos, com inspeções sanitárias realizadas por autoridades japonesas. O presidente da ABIEC, Roberto Perosa, esteve diversas vezes no Japão para tratar do tema e destacou que o Brasil tem um dos sistemas de controle sanitário mais avançados do mundo, cumprindo rigorosamente as exigências de mercados altamente criteriosos, como Estados Unidos, União Europeia e China.
Outra negociação avançou na área de biocombustíveis. O governo japonês indicou que estuda ampliar o uso do biodiesel, com potencial para ser utilizado na aviação. Essa discussão está em andamento há mais de dez anos e pode abrir novas oportunidades para o Brasil no setor energético.
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