A cientista brasileira Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, foi laureada com o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize), considerado o “Nobel” da agricultura. Nesta semana, a sede da Fundação World Food Prize, nos Estados Unidos, sediou o anúncio que reconhece seu trabalho pioneiro, responsável por ajudar o Brasil a se tornar uma potência agrícola global.
Com mais de 40 anos dedicados à pesquisa em microbiologia do solo, Mariangela desenvolveu tecnologias inovadoras que substituem fertilizantes químicos por tratamentos biológicos, promovendo a fixação biológica de nitrogênio – um processo natural em que bactérias do solo fornecem nutrientes essenciais para as plantas. “Substituir o uso de produtos químicos por produtos biológicos na agricultura tem sido a luta da minha vida. Tenho muito orgulho de contribuir para a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental”, afirmou a cientista em comunicado oficial.
A Embrapa destaca que as tecnologias desenvolvidas por Hungria foram aplicadas em mais de 40 milhões de hectares no Brasil. Gerando uma economia estimada de até US$ 40 bilhões anuais para os agricultores. Além de evitar mais de 180 milhões de toneladas de emissões equivalentes de CO2 por ano. Seu trabalho revolucionou o cultivo de soja, principal produto agrícola brasileiro, além de beneficiar culturas como trigo, milho, arroz e feijão.
Reconhecimento do papel das mulheres na agricultura
Mariangela Hungria também ressaltou o significado do prêmio para a ciência brasileira. E também para o reconhecimento do papel das mulheres na agricultura e na pesquisa científica. “Não consigo acreditar que agora estou recebendo o Prêmio Mundial da Alimentação. Muitas pessoas questionaram minha capacidade ao longo da minha carreira, mas eu acreditei no que estava fazendo e perseverei. Espero que minha conquista inspire outras pessoas a perseguirem suas paixões na ciência”, declarou.
Graduada em engenharia agronômica pela Esalq/USP, com mestrado em solos e nutrição de plantas e doutorado em ciência do solo, Hungria realizou pós-doutorados em universidades internacionais como Cornell, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. Desde 1982, atua na Embrapa, onde contribuiu decisivamente para o crescimento da produção agrícola brasileira, que saltou de 15 milhões de toneladas de soja em 1979 para uma previsão de 173 milhões de toneladas na próxima safra.
O World Food Prize foi criado em 1987 pelo laureado com o Nobel da Paz Norman Borlaug, reconhecido por sua contribuição no aumento da produtividade agrícola mundial e combate à fome. A premiação, que inclui um valor de US$ 500 mil, é entregue anualmente a personalidades que promovem avanços significativos na segurança alimentar global. Mariangela Hungria receberá o prêmio oficialmente em cerimônia prevista para outubro.
Sua trajetória e descobertas científicas reforçam o papel do Brasil como líder mundial na produção agrícola sustentável. Ao mesmo tempo em que promovem a redução do impacto ambiental da agricultura por meio da inovação biotecnológica.
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