Espécie usada na arborização urbana libera toxinas fatais para polinizadores e coloca em risco a produção agrícola e o equilíbrio ambiental
Foto: Divulgação - IMA/SC

O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) iniciou uma campanha para eliminar uma velha conhecida das ruas e praças do estado: a espatódea (Spathodea campanulata). Embora suas flores alaranjadas chamem atenção, a espécie esconde um perigo real para as abelhas. Por isso, o governo decidiu proibir o plantio, a produção e a manutenção dessa árvore em todo o território catarinense.

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A espatódea veio da África Ocidental e se espalhou pelo Brasil porque cresce rápido e tem aspecto ornamental. No entanto, pesquisadores descobriram que o néctar, o pólen e até a mucilagem das flores contêm substâncias tóxicas capazes de matar abelhas nativas. Além disso, o veneno também afeta a Apis mellifera, espécie exótica utilizada na produção de mel.

Abelhas em risco e ameaça à agricultura

As abelhas polinizam a maior parte das frutas, legumes e grãos produzidos no país. Por isso, quando morrem intoxicadas, toda a cadeia natural e agrícola sofre as consequências. Sem elas, muitas lavouras não produzem e as florestas têm dificuldade em se regenerar.

“A publicação dessa lei é um passo importante para que cada vez mais a sociedade aprenda e se envolva no manejo consciente e responsável das espécies da flora e da fauna que lidam no dia a dia, buscando promover mais equilíbrio ambiental do que impactos”, afirma Elaine Zuchiwschi, coordenadora do Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras do IMA.

Foto: Divulgação – IMA/SC

O que determina a lei catarinense

A Lei Estadual nº 17694 de 2019 proíbe o plantio, a produção e a manutenção da espatódea em Santa Catarina. Dessa forma, os exemplares existentes devem ser cortados e substituídos por árvores nativas. O descumprimento da norma pode gerar multa.

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Nos espaços públicos, as prefeituras devem coordenar o manejo. Já nas propriedades privadas, o corte precisa de autorização municipal. Nas Áreas de Preservação Permanente, o morador pode fazer a remoção sem autorização, desde que realize o reflorestamento com acompanhamento técnico.

Árvores nativas indicadas para substituição

O IMA sugere que cada região priorize espécies nativas adaptadas ao clima e ao solo local. Essa substituição contribui para restaurar o equilíbrio ambiental e proteger a fauna.

  • Região litorânea: mangue formiga, aroeira e ingá cipó.

  • Mata Atlântica: ipê amarelo, pau angelim e corticeira.

  • Planalto e serra: canafístula, camboatá e caroba.

  • Região oeste: ipê roxo, timbaúva e canjerana.

Sociedade é chamada a participar

O IMA reforça que a colaboração da sociedade é essencial. Por isso, convida viveiristas, paisagistas e cidadãos a substituírem a espatódea por espécies nativas. A ação contribui diretamente para a proteção das abelhas e para a manutenção da polinização, processo vital para o equilíbrio ecológico e a produção de alimentos.

Além disso, o órgão destaca que preservar as abelhas significa proteger a base da vida no campo e nas cidades. Elas garantem que as plantas se reproduzam, sustentam o alimento dos animais e mantêm o ciclo natural funcionando.