Cafés da Chapada Diamantina viram destino e conquistam denominação de origem
Foto: Divulgação - Açony Santos

Entre serras, vales e rios de águas claras, a Chapada Diamantina, na Bahia, revela um novo motivo para ser visitada: o café. A região, antes lembrada pelas cachoeiras e trilhas, agora atrai turistas em busca de sabores, aromas e experiências ligadas à terra.

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Os cafezais se espalham por altitudes entre 800 e 1.400 metros, onde o ar frio, o solo fértil e a neblina constante criam um ambiente único. O amadurecimento dos grãos é lento, o que favorece o desenvolvimento de açúcares naturais e aromas complexos. Em Piatã, município com as plantações mais altas da Bahia, cada safra se transforma em um ritual de paciência e precisão.

Além disso, o cultivo manual e o manejo sustentável ajudam a preservar o bioma e garantem um café que reflete a alma do território. O visitante percebe essa harmonia logo na primeira xícara, onde o terroir se traduz em sabor, textura e memória.

O selo que consagrou o sabor baiano

O reconhecimento veio em 2021, quando a região recebeu a Denominação de Origem “Cafés da Chapada Diamantina”. A certificação, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), atesta a procedência e a autenticidade do produto.

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Os grãos da Chapada oferecem notas de nozes, chocolate e caramelo, com acidez cítrica marcante e final prolongado. Essa combinação de características sensoriais é resultado da altitude, do clima e do trabalho artesanal das famílias produtoras.

Cada gole, portanto, é um retrato líquido da paisagem — uma forma de provar o equilíbrio entre a natureza e o homem.

A rota do café que virou passeio

O café também virou atração turística, e a “Rota do Café Gourmet” conduz o visitante por fazendas históricas, torrefações artesanais e cafeterias que parecem ter saído de um filme. Além disso, durante o passeio, é possível acompanhar todas as etapas — do grão verde à torra, do cheiro da peneira ao vapor do coador. Enquanto o visitante caminha pelos cafezais, sente o ritmo do campo e entende como cada detalhe interfere no sabor final da bebida.

Na charmosa Rua do Café, em Piatã, o aroma do espresso recém-tirado se mistura ao de bolo de rapadura e queijo fresco, criando uma atmosfera acolhedora. Aliás, cada cafeteria guarda uma história, e os produtores, com orgulho, compartilham suas trajetórias e explicam o cultivo com entusiasmo. Assim, o visitante percebe que o café local é mais do que um produto — é um símbolo de tradição e resistência que ecoa pelos vales da Chapada.

Por fim, a hospitalidade é o ingrediente secreto que completa a experiência. Mesmo após o último gole, o visitante leva consigo o sabor da terra, o calor das conversas e a sensação de ter vivido algo autêntico.

Como chegar e quando ir

A Chapada é acessível pela BR-242, com saídas de Lençóis e Seabra, na Bahia. A melhor época para visitar vai de maio a setembro, quando o clima é seco e o céu mais limpo favorece o turismo rural.

Cada curva da estrada prepara o visitante para um destino onde o café é poesia, o sabor é memória e o aroma é convite para voltar.