Rotação de culturas reduz capina em 300% em experimento no Cerrado
herbicidas
Foto: Agostinho Didonet/Embrapa

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram métodos eficazes para controlar plantas invasoras sem usar herbicidas. O estudo realizado no Cerrado goiano comprova que técnicas simples como rotação de culturas, cobertura do solo e semeadura direta eliminam a necessidade de produtos químicos.

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A descoberta revoluciona especialmente a agricultura orgânica e agroecológica. Produtores rurais podem reduzir drasticamente o uso de capina manual. O método também preserva o meio ambiente e mantém a produtividade das lavouras.

Experimento comprova eficácia em ambiente tropical

A pesquisa aconteceu na Fazendinha Agroecológica da Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás. Cientistas avaliaram diferentes formas de manejo durante quatro anos consecutivos. A área estudada passava por transição do sistema convencional para o orgânico.

Os pesquisadores testaram como plantas de cobertura influenciam a presença de vegetação espontânea. Também compararam o preparo convencional do solo com o plantio direto. O objetivo era encontrar o equilíbrio entre controle e convivência com plantas nativas.

Manejo agroecológico prioriza biodiversidade

O sistema orgânico trata plantas espontâneas de forma diferente da agricultura convencional. Produtores agroecológicos preservam e mantêm a biodiversidade local. As plantas nativas fazem parte do ambiente produtivo.

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Crotalária juncea no campo
Foto: Arminda Carvalho/Embrapa

Lavouras orgânicas buscam equilíbrio entre diferentes espécies vegetais. O controle acontece através de práticas sustentáveis. Técnicas como cobertura do solo, rotação de culturas e escolha de variedades adequadas auxiliam no processo.

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O experimento funcionou com plantios sucessivos ao longo dos anos. Pesquisadores cultivaram milho e feijão no início do período chuvoso. Após a colheita, semearam plantas de cobertura na safrinha.

Crotalária, guandu, mucuna-preta e sorgo vassoura permaneceram no campo durante a entressafra. Com a chegada das chuvas, cientistas manejaram essa cobertura vegetal. O material ficou sobre o solo para plantio direto ou foi incorporado para semeadura convencional.

Tiririca tem população reduzida em 300%

O estudo identificou 25 espécies de plantas espontâneas na área. Pesquisadores focaram nas mais problemáticas: tiririca, trapoeraba, corda de viola, picão-preto e leiteiro. Essas plantas causam maiores prejuízos nas culturas de feijão e milho.

A tiririca representa um dos principais desafios em sistemas tropicais. Plantas de cobertura exerceram efeito supressor significativo. “O plantio direto reduziu a população de tiririca em cerca de três vezes comparado ao preparo convencional”, explica Agostinho Didonet, coordenador da pesquisa.

Sorgo vassoura, milheto e crotalária apresentaram os melhores resultados. Essas espécies oferecem maior cobertura do solo e produzem mais biomassa. A proteção física impede o desenvolvimento de plantas invasoras.

Crotalária dobra controle de trapoeraba

Para trapoeraba, outra planta comum no Cerrado, diferentes coberturas mostraram eficácia variável. Crotalária, guandu e mucuna quase dobraram o controle comparado ao pousio. Sorgo vassoura apresentou resultados inferiores para essa espécie.

“O tipo de preparo do solo não afetou significativamente o efeito supressor das plantas de cobertura”, observa Didonet. O plantio direto e o sistema convencional tiveram performance similar no controle de trapoeraba.

Dia de campo em área de feijão da Fazendinha Agroecológica da Embrapa Arroz e Feijão – Foto: Sebastião Araújo/Embrapa

A rotação de culturas na safra principal combinada com diferentes plantas de cobertura criou condições favoráveis. O sistema alcançou equilíbrio sem predomínio de nenhuma espécie invasora. Essa diversidade facilita o controle seguindo princípios agroecológicos.

Plantas de cobertura em plantio direto reduziram a competitividade de espécies espontâneas. A presença de resíduos vegetais na superfície durante todo o ano explica esse resultado. O método imita processos naturais dos ecossistemas.

Sustentabilidade garante produtividade a longo prazo

Sistemas agroecológicos reproduzem características dos ecossistemas naturais. Utilizam técnicas agrícolas baseadas em princípios sustentáveis. O objetivo é preservar o meio ambiente sem reduzir a capacidade produtiva.

A agroecologia integra aspectos agronômicos, ecológicos e socioeconômicos. Avalia efeitos das tecnologias sobre sistemas agrícolas e sociedade. O método desenvolvido pela Embrapa oferece alternativa viável para produtores orgânicos.

A pesquisa comprova que técnicas simples podem substituir herbicidas com eficácia. Produtores rurais ganham autonomia e reduzem custos de produção. O meio ambiente se beneficia com a eliminação de produtos químicos.

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