Resumo da notícia
- O greening afetou 47,63% das laranjeiras no cinturão citrícola de SP e Triângulo Mineiro em 2025, com quase 100 milhões de árvores contaminadas, representando aumento de 7,4% em relação a 2024, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado.
- Medidas rigorosas de manejo, como eliminação de árvores doentes e escolha de áreas de menor risco para plantio, além da queda do psilídeo transmissor, contribuíram para a desaceleração do avanço da doença nas plantações.
- Produtores resistem em eliminar plantas produtivas devido à boa remuneração, mantendo maior incidência de greening em pomares acima de 10 anos (58,43%), enquanto a doença recuou significativamente em plantas jovens de 0 a 2 anos (2,72%).
- A severidade da doença aumentou para 22,7% em 2025, elevando perdas de frutos para 9,1%, com regiões como Limeira e Porto Ferreira registrando mais de 60% de árvores contaminadas; Fundecitrus recomenda manejo adaptado conforme a realidade regional.
O greening atingiu 47,63% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro em 2025. O levantamento do Fundecitrus mostra que quase 100 milhões de árvores, de um total de 209 milhões, estão contaminadas.
O índice representa alta de 7,4% frente a 2024, quando a incidência foi de 44,35%. Apesar disso, o ritmo de crescimento desacelerou pelo segundo ano seguido. Entre 2022 e 2023, a incidência subiu 55,9%. Já entre 2023 e 2024, o aumento foi de 16,5%. Agora, o avanço ficou restrito a 7,4%.
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Fatores que explicam a desaceleração
O pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi atribui o resultado a medidas de manejo mais rigorosas.
Produtores passaram a escolher áreas com menor risco para novos plantios. Eles retomaram a prática de eliminar árvores doentes até cinco anos e replantar imediatamente. Além disso, o psilídeo, inseto transmissor da bactéria, teve queda populacional significativa em 2024.
Produtores resistem em eliminar plantas produtivas
A boa remuneração pela caixa de laranja em 2023 e 2024 influenciou o manejo. Muitos produtores resistiram em eliminar plantas doentes já em produção. Assim, a maior incidência continua em pomares acima de 10 anos, com 58,43% das árvores contaminadas. Nos pomares de 6 a 10 anos, a incidência é de 57,79%. Já em pomares de 3 a 5 anos, o índice é de 39,18%. Em plantas jovens de 0 a 2 anos, a taxa cai para 2,72%.
Avanços no controle em plantas jovens
O greening recuou 54,1% no grupo de 0 a 2 anos. Em pomares de 3 a 5 anos, a redução foi de 17,1%.
Segundo Juliano Ayres, diretor do Fundecitrus, os citricultores se tornaram mais conscientes no manejo.
Ele destaca a importância de preservar plantas jovens para garantir qualidade e viabilidade do negócio.
Nas regiões de baixa incidência, produtores entenderam que não compensa manter árvores novas doentes.
Severidade da doença preocupa
A severidade média subiu pelo quarto ano seguido. Ela passou de 18,7% em 2024 para 22,7% em 2025.
Esse avanço eleva a queda prematura de frutos e o impacto na produção.
A perda de laranjas atribuída ao greening subiu para 9,1% na safra 2024/25. Atualmente, metade das frutas que caem antes da colheita tem ligação com a doença.
Diferenças regionais no cinturão citrícola
Cinco regiões têm mais de 60% das árvores contaminadas: Limeira, Porto Ferreira, Avaré, Duartina e Brotas.
Bebedouro e Altinópolis seguem na faixa de 40% a 50%. Já São José do Rio Preto, Itapetininga e Matão estão entre 20% e 35%. Votuporanga e Triângulo Mineiro mantêm os menores índices, inferiores a 5%. Em São José do Rio Preto e Itapetininga, o avanço quase dobrou em um ano.
As regiões de maior incidência também registram os níveis mais elevados de severidade.
Estratégias regionais de manejo
O Fundecitrus orienta que o manejo seja ajustado conforme a realidade regional. Em áreas de alta incidência, produtores devem intensificar o controle do psilídeo. Já em regiões de baixa incidência, é essencial eliminar imediatamente plantas contaminadas. Ayres reforça que o greening segue como maior obstáculo da citricultura.
Ele alerta que não existe meio termo no controle da doença. Segundo ele, apenas o manejo completo e rigoroso freia o avanço.