Foto: divulgação - Embrapa / Carlos Ronquim

Pesquisadores da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente criaram um método para detectar resíduos de pesticidas no pólen de laranjeira. A técnica usa menos insumos e garante alta precisão. O processo consome 100 vezes menos amostras que métodos tradicionais. Também reduz solventes e reagentes, diminuindo custos e impacto ambiental.

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Por que o método é importante

O Brasil é o maior produtor mundial de laranja. Em 2023, colheu mais de 17,6 milhões de toneladas, segundo o IBGE. O setor enfrenta críticas pelo uso intenso de pesticidas para combater pragas e doenças. Esses produtos, como os neonicotinóides, permanecem na planta e podem contaminar o pólen.

A contaminação afeta abelhas e outros polinizadores. Esses insetos são essenciais para a agricultura e a biodiversidade.

Como funciona a análise?

Os pesquisadores aplicaram a técnica de micro-QuEChERS, desenvolvida nos anos 2000. Essa abordagem é rápida, econômica, eficaz e segura. Eles combinaram a técnica com cromatografia líquida de ultra eficiência e espectrometria de massas (UHPLC-MS/MS). Essa associação permite identificar moléculas e quantificar resíduos.

A microextração adaptada usa apenas 100 mg de pólen. O método gera menos resíduos e segue conceitos de química verde. Durante os testes, os cientistas analisaram inseticidas como imidacloprido, clotianidina e tiametoxam, além de abamectina, azoxistrobina e carbendazim.

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Riscos para abelhas e polinizadores

Foto: divulgação – Embrapa / Gabriela Almeida

Neonicotinóides são associados a efeitos adversos em abelhas. Eles causam alterações comportamentais, fisiológicas e imunológicas.
A exposição ocorre pelo contato com superfícies tratadas ou pela ingestão de néctar e pólen contaminados. Isso pode levar à desorientação e intoxicação.

Na União Europeia, esses produtos sofreram restrições em 2018. No Brasil, as limitações começaram apenas em 2022, mas os pesticidas continuam em uso.

Custos menores e mais sustentabilidade

O novo método utiliza dez vezes menos reagentes que o QuEChERS original. Isso reduz custos e impacto ambiental. O equipamento necessário já existe na maioria dos laboratórios de resíduos de agrotóxicos. Essa facilidade amplia a aplicação da técnica.

A validação segue critérios da diretriz SANTE, da Comissão Europeia. Isso garante resultados confiáveis e livres de interferências do pólen.

Impacto na agricultura e na saúde

A inovação ajuda a monitorar resíduos em matrizes pouco estudadas, como o pólen. Também incentiva pesquisas em outras culturas. Para os pesquisadores, miniaturizar o método é estratégico. A tecnologia torna as análises acessíveis, sustentáveis e seguras.

O objetivo é ampliar o monitoramento nas cadeias produtivas. Isso fortalece a agricultura sustentável e protege polinizadores.