Genética sem limite, manejo especializado e seleção humana explicam por que abóboras atingem pesos recordes, enquanto frutas como os mirtilos permanecem pequenas
Foto: Future

As abóboras gigantes continuam a impressionar o mundo vegetal: alguns exemplares chegam a ultrapassar mil quilos, enquanto frutas como os mirtilos mal passam de alguns centímetros de diâmetro.

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Crescimento sem limite

Segundo Vikram Baliga, professor assistente de horticultura na Texas Tech University, o segredo está no tipo de planta. As variedades de abóbora gigante pertencem ao grupo das plantas indeterminadas, que continuam crescendo enquanto as condições ambientais permitem. “Por isso você vê essas plantas enormes de abóboras se espalhando e tomando conta de todo o quintal — e, às vezes, é só uma única planta”, afirmou Baliga à Live Science.

Já espécies como o mirtilo seguem um padrão determinado, em que a planta e seus frutos param de crescer ao atingir um tamanho definido geneticamente.

A programação genética

A bióloga Jessica Savage, professora associada do Swenson College of Science and Engineering da University of Minnesota Duluth, explica que a diferença está nos “programas” biológicos de crescimento.
“Algumas plantas, quando desenvolvem uma folha, um fruto ou uma flor, têm um programa que limita o tamanho desse órgão. Outras simplesmente não possuem esse tipo de limite”, afirmou Savage.

Nas abóboras gigantes, esse limite natural praticamente não existe. Além disso, a casca espessa e o fato de o fruto permanecer apoiado no solo reduzem os efeitos da gravidade. Assim, permite o crescimento de volumes excepcionais.

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Toda a energia em um único fruto

Reprodução: Carolina Journal

Baliga também observa que o manejo adotado pelos produtores é decisivo. Para cultivar campeãs de peso, os agricultores costumam deixar apenas uma abóbora por planta. “Se você tem uma planta que consegue acumular todos esses recursos e remove oito frutos, deixando só um, é como se ela pensasse: ‘Ótimo, vou direcionar tudo para este único fruto — é minha chance de garantir meus genes’”, explicou o pesquisador.

Essa estratégia faz com que a planta concentre toda sua energia em um único fruto, algo impossível em espécies de frutos menores e mais delicados, como os mirtilos.

Seleção voltada ao tamanho

A reportagem destaca ainda o papel da seleção artificial. “As abóboras gigantes vêm sendo cruzadas seletivamente há muito tempo apenas pelo tamanho — o que é diferente de muitas outras culturas, em que também se busca sabor”, disse Baliga.

O resultado é uma fruta que cresceu sob uma combinação rara de genética, estrutura física, manejo e intervenção humana.

Enquanto as abóboras gigantes quebram recordes a cada temporada, os mirtilos continuam pequenos — e, paradoxalmente, é isso que os torna perfeitos para o consumo diário.