Complexo sucroalcooleiro lidera vendas externas com US$ 8,2 bilhões, enquanto China se mantém como principal parceiro comercial do estado
Foto: Divulgação Porto de Santos

O agronegócio paulista fechou os primeiros onze meses de 2025 com um superávit comercial de US$ 21,07 bilhões, consolidando São Paulo como um dos principais polos de exportação agrícola do Brasil. Os dados revelam que as exportações do setor somaram US$ 26,35 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 5,28 bilhões no período.

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As vendas externas do agronegócio representaram 40,6% do total exportado pelo estado paulista entre janeiro e novembro, demonstrando a relevância do setor para a economia regional. Já as importações agrícolas corresponderam a 6,6% do volume total importado por São Paulo no mesmo período.

Políticas públicas impulsionam resultados

Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, o desempenho positivo é resultado de investimentos estratégicos em ciência, infraestrutura e desburocratização.

“O desempenho do agro paulista mostra que São Paulo está na direção certa. Investir em ciência, infraestrutura, desburocratização e competitividade. Assim, São Paulo alcança um superávit de US$ 21 bilhões porque tem produtores qualificados e políticas públicas que dão segurança e liberdade para produzir”, afirmou Piai.

O secretário também destacou expectativas positivas para o fechamento de 2025 e para o desempenho do setor em 2026.

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Complexo sucroalcooleiro lidera exportações

O complexo sucroalcooleiro manteve-se como principal produto da pauta exportadora paulista, respondendo por 31,3% das vendas externas do agronegócio estadual, com receita de US$ 8,2 bilhões. Dentro deste segmento, o açúcar representou 93% do total, enquanto o álcool etílico (etanol) correspondeu aos 7% restantes.

O setor de carnes ocupou a segunda posição no ranking, com 15,2% de participação e US$ 4 bilhões em exportações. A carne bovina foi responsável por 85,1% desse montante.

Os produtos florestais ficaram em terceiro lugar, com 10,5% de participação e US$ 2,7 bilhões exportados. A celulose representou 56,2% desse total, seguida pelo papel, com 35,1%.

O segmento de sucos alcançou 9,9% das exportações, totalizando US$ 2,6 bilhões, dos quais 97,8% referem-se ao suco de laranja. Já o complexo soja registrou 8,6% de participação, com US$ 2,2 bilhões exportados – sendo 78,3% em soja em grão e 16,1% em farelo de soja.

Juntos, esses cinco grupos representaram 75,5% das exportações do agronegócio paulista no período.

Café ganha destaque com crescimento de 39%

O café apareceu na sexta posição da pauta exportadora, com 6,2% de participação e receita de US$ 1,6 bilhão. O café verde respondeu por 76,7% desse valor, enquanto o café solúvel representou 19,5%.

Na comparação com o mesmo período de 2024, o setor cafeeiro registrou o maior crescimento entre os principais produtos, com alta de 39,2% nas vendas. O setor de carnes também apresentou desempenho positivo, com aumento de 24,1%, assim como o complexo soja, que cresceu 1,3%.

Por outro lado, o complexo sucroalcooleiro teve queda de 29,6%, produtos florestais recuaram 4,8% e o segmento de sucos registrou redução de 4,9% nas receitas de exportação.

China lidera destinos das exportações paulistas

A China consolidou-se como principal destino das exportações do agronegócio paulista, com 24,4% de participação. O país asiático importa principalmente produtos do complexo soja, carnes, açúcar e florestais de São Paulo.

A União Europeia ocupou a segunda posição, com 14,3% de participação nas vendas externas, seguida pelos Estados Unidos, com 11,8%.

Tarifas americanas impactam exportações

As exportações para os Estados Unidos sofreram impacto significativo após a implementação de tarifas adicionais pelo país em agosto de 2025. Os dados mostram quedas progressivas nos embarques: 14,6% em agosto, 32,7% em setembro, 32,8% em outubro e 54,9% em novembro.

“Até julho vínhamos com um resultado bastante positivo nas exportações para os Estados Unidos. Agosto ainda manteve o desempenho, mas a partir de setembro houve uma desaceleração que se acentuou em novembro”, explicou Carlos Nabil, diretor da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).

Nabil destacou que a queda foi parcialmente compensada pela diversificação de mercados, com aumento de vendas para China, México, Canadá, Argentina e União Europeia.

Em 20 de novembro, o presidente Donald Trump anunciou a retirada de tarifas sobre produtos brasileiros como café, chá, frutas tropicais, sucos de frutas, cacau, especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina. A expectativa é de melhora no fluxo de embarques nos próximos meses.

São Paulo é segundo maior exportador do agro nacional

No cenário nacional, São Paulo manteve posição de destaque como segundo maior exportador do agronegócio brasileiro, respondendo por 17% das vendas externas do setor no país entre janeiro e outubro de 2025. O estado aparece logo atrás de Mato Grosso, que registrou 17,3% de participação.

Sobre as perspectivas para 2026, Carlos Nabil ressaltou que as projeções dependem do comportamento das principais cadeias produtivas. “É algo que precisa ser analisado setor a setor, com base nas previsões específicas de cada safra”, afirmou.