Resumo da notícia
- A Amazônia reafirmou sua liderança na produção de cacau especial com pequenos e médios produtores conquistando os principais prêmios nas categorias Varietal e Mistura no Concurso Nacional em Rondônia.
- Produtores paraense e rondoniense se destacaram: Robson Brogni venceu a categoria Mistura pelo segundo ano e Mauro Celso Tauffer conquistou o tricampeonato na categoria Varietal, ambos valorizando o modelo amazônico.
- Sistemas agroflorestais sustentáveis impulsionam a qualidade do cacau amazônico, promovendo produtividade aliada à preservação ambiental e recuperação de áreas degradadas, evidenciando o potencial do setor na região.
A Amazônia consolidou sua liderança na produção de cacau de alto valor agregado neste sábado (6), durante a sétima edição do Concurso Nacional de Cacau Especial do Brasil, realizada em Cacoal (RO). Pequenos e médios produtores da região conquistaram os principais prêmios nas categorias Varietal e Mistura, demonstrando o avanço da qualidade na cacauicultura amazônica.
O produtor paraense Robson Brogni, de Medicilândia, levou o primeiro lugar na categoria Mistura, dedicada a blends de variedades. Brogni acumula vitórias em edições anteriores do concurso e alcançou o segundo lugar no Cacao of Excellence Award em 2024, a principal competição global do segmento.
Mauro Celso Tauffer, agricultor familiar de Buritis (RO), venceu a categoria Varietal pelo terceiro ano consecutivo. O produtor representa a consolidação do modelo amazônico de produção, baseado em sistemas agroflorestais (SAFs) que integram o cacau com espécies nativas.
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A produção amazônica cresce a partir de modelos agrícolas integrados ao ecossistema. Os sistemas agroflorestais aproveitam a característica natural do cacaueiro, planta de sub-bosque que se desenvolve à sombra. Essa técnica reduz danos ambientais e recupera áreas degradadas, combinando produtividade com preservação florestal.
Evento reúne 500 participantes e autoridades do setor
O Cacoal Selva Park sediou o evento, que reuniu cerca de 500 pessoas, incluindo o governador de Rondônia, Marcos Rocha, representantes do setor produtivo e da indústria do chocolate.
“Receber o Concurso Nacional em Rondônia reforça a importância do nosso estado no cenário agrícola nacional. Temos investido no fortalecimento da produção, na valorização do produtor rural e no incentivo às boas práticas”, destacou o governador.
O concurso recebeu 108 amostras de cacau de todo o país. Os organizadores selecionaram 20 amostras para a etapa final, quando especialistas degustaram às cegas líquor (massa de cacau sem açúcar) e chocolates 70% produzidos pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC).
Júri técnico e especialistas externos definem vencedores
A comissão julgadora padronizou todo o processo de fabricação, embalagem e codificação para eliminar interferências. Especialistas do setor avaliaram o líquor, enquanto um júri externo — composto por nomes como a jornalista e cacauicultora Ticiana Villas Boas e a crítica gastronômica da Folha de S.Paulo, Priscila Pastre — definiu os três melhores de cada categoria.
Adriana Reis, especialista em análise sensorial de cacau e chocolate e gerente de qualidade do CIC, explica que os resultados refletem características únicas da Amazônia.
“O cacau amazônico é complexo, com notas suaves e frutadas, baixo amargor e nuances florais e de especiarias. É um cacau que celebra a nossa diversidade e nos coloca de forma competitiva no cenário de qualidade”, afirma a especialista.
Premiação de R$ 100 mil reconhece excelência dos produtores
Os vencedores dividiram R$ 100 mil em prêmios, valor que reconhece o trabalho de qualidade desenvolvido nas propriedades amazônicas.
O concurso incorporou critérios socioambientais baseados no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, ferramenta que mede a aderência dos produtores a boas práticas de manejo, uso racional de insumos e condições de trabalho. A avaliação incluiu questionários e visitas técnicas às propriedades.
“O mercado já diferencia quem entrega qualidade com responsabilidade. A responsabilidade ambiental deixou de ser custo e se tornou diferencial competitivo”, afirma Cristiano Villela, diretor do CIC.
O crescimento do segmento bean-to-bar, focado em rastreabilidade e narrativa de origem, tem impulsionado o interesse no cacau especial. Embora ainda represente um nicho, o setor oferece margens mais altas e eleva o padrão de produção no campo.
O CIC organiza o concurso desde 2018 em parceria com entidades da indústria, como AIPC e Abicab. Nesta edição, o evento contou com apoio do Governo de Rondônia, Mars, Netafim, Cacau Show, Lacta, Dengo e Instituto Arapyaú, entre outras empresas e instituições públicas e privadas.
VENCEDORES – VII CONCURSO NACIONAL DE CACAU ESPECIAL
Categoria Mistura
- 1º lugar: Robson Brogni (Medicilândia – PA)
- 2º lugar: Gilmar Batista de Souza (Uruará – PA)
- 3º lugar: Miriam Aparecida Federicci Vieira (Medicilândia – PA)

Categoria Varietal
- 1º lugar: Mauro Celso Tauffer (Buritis – RO) — Variedade BN34
- 2º lugar: José Batista de Souza (Uruará – PA) — Variedade Casca Fina
- 3º lugar: Luíz Anastácio da Silva (Cacoal – RO) — Variedade CEPEC 2022
