Entenda a ciência por trás das cores mutáveis da espécie que cria ilusões de ótica com suas penas
Foto de Bryan Hanson na Unsplash

O beija-flor-de-Anna (Calypte anna) fascina observadores com suas cores iridescentes que mudam conforme a luz. Este pequeno pássaro nativo da costa oeste da América do Norte representa uma das mais notáveis adaptações visuais do reino animal.

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O ornitólogo francês René Lesson descreveu esta espécie pela primeira vez em 1829. Lesson homenageou a duquesa Anna Debelle, também francesa, ao batizar o pássaro. O nome da ave lembra Anna Masséna, duquesa de Rivoli, conforme registros históricos posteriores corrigiriam.

A ciência por trás das cores mutáveis

As penas do beija-flor-de-Anna não contêm pigmentos especiais para produzir suas cores vibrantes. O fenômeno resulta de uma sofisticada ilusão de ótica. Estruturas microscópicas chamadas bárbulas, compostas por várias camadas de queratina, funcionam como prismas naturais.

Essas bárbulas refletem a luz solar de forma diferente dependendo do ângulo de incidência. O resultado cria um espetáculo de cores que inclui magenta, verde, vermelho e roxo. Outras espécies relacionadas, como o beija-flor-garganta-de-fogo e o beija-flor-violeta, também apresentam esta característica única.

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Adaptação única para climas frios

É a única espécie de colibri que inverna nas regiões temperadas frias, onde se sustenta das flores remanescentes e das suas reservas de gordura, sendo muito eficaz na conversão de açúcares em gordura. Esta adaptação excepcional permite que o beija-flor-de-Anna permaneça em regiões onde outras espécies não conseguem sobreviver.

O beija flor de anna se alimenta de insetos voadores ou de outros artrópodes, ele também costuma beber o néctar das flores fazendo uso do seu bico e língua comprida. Sua dieta diversificada inclui néctar de flores e pequenos artrópodes, garantindo o aporte nutricional necessário para seu metabolismo acelerado.

O bico longo e a língua tubular representam adaptações evolutivas perfeitas para alcançar o néctar no interior das flores. Sua língua, longa e tubular, é uma adaptação exclusiva que permite acesso eficiente aos recursos alimentares.

Comportamento reprodutivo e migratório

Os machos posteriormente realizam danças e rituais de cortejamento, chegando mesmo a cantar durante os mesmos, de forma a encantar as fêmeas. O comportamento reprodutivo inclui elaborados rituais que combinam movimentos acrobáticos com vocalizações.

A migração ocorre no final do Verão, em que o colibri-de-Anna migra para as montanhas no norte do Canadá, ou para outras zonas montanhosas. Este padrão migratório diferencia a espécie de outros beija-flores que migram para regiões mais quentes.

O beija-flor-de-Anna desempenha papel fundamental como polinizador. Durante a busca por néctar, transfere pólen entre flores, facilitando a reprodução de plantas nativas. Esta atividade polinizadora mantém a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas da costa oeste norte-americana.

O beija-flor-de-Anna mede aproximadamente 10 centímetros de comprimento. Os machos exibem uma cabeça iridescente de cor magenta que se estende até a garganta. As fêmeas apresentam coloração mais discreta, com tons esverdeados no dorso e manchas vermelhas menores na garganta.

Conservação

Embora não esteja ameaçado, o beija-flor-de-Anna enfrenta desafios relacionados à urbanização e mudanças climáticas. A preservação de jardins com flores nativas e a manutenção de corredores ecológicos são essenciais para garantir a continuidade da espécie.

A instalação de bebedouros com água açucarada pode ajudar estas aves durante períodos de escassez de flores, especialmente no inverno. No entanto, os bebedouros devem ser limpos regularmente para evitar a proliferação de fungos prejudiciais.

Observadores podem encontrar beija-flores-de-Anna em jardins urbanos, parques e áreas com abundante vegetação florida. Sua presença indica um ecossistema saudável e equilibrado. A melhor época para observação é durante as primeiras horas da manhã, quando sua atividade alimentar é mais intensa.

O beija-flor-de-Anna representa um exemplo extraordinário de como a natureza desenvolve soluções sofisticadas através da evolução. Suas cores mutáveis continuam fascinando cientistas e entusiastas, lembrando-nos da complexidade e beleza presentes no mundo natural.