Resumo da notícia
- O BNDES lançou o Plano Brasil Soberano com R$ 40 bilhões em crédito para empresas brasileiras que perderam mais de 5% do faturamento devido às tarifas dos EUA, com foco em capital de giro, máquinas, inovação e novos mercados.
- Dos R$ 40 bilhões, R$ 30 bilhões virão do Fundo Garantidor de Exportações e R$ 10 bilhões do próprio banco, com quatro linhas de crédito disponíveis, incluindo modalidades com prazos de até dez anos e limites de até R$ 150 milhões por empresa.
- Empresas com perdas acima de 5% podem acessar a linha Giro Diversificação; aquelas com perdas superiores a 20% têm acesso a todas as linhas e garantias adicionais, desde que mantenham o número de empregados.
- O programa visa mitigar o impacto das tarifas de 50% impostas pelos EUA, consideradas uma das maiores barreiras na atual guerra comercial, com aprovação das primeiras operações prevista para 15 de setembro.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou prioridade para empresas que perderam mais de 5% do faturamento bruto. O impacto decorre das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, apresentou nesta sexta-feira (22) os detalhes das linhas de crédito do Plano Brasil Soberano. O programa contará com R$ 40 bilhões em financiamentos para exportadores prejudicados.
Origem do recurso
Do montante total, R$ 30 bilhões virão do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões dos recursos do banco. O crédito financiará capital de giro, aquisição de máquinas, adaptação produtiva e prospecção de novos mercados. Segundo Mercadante, muitas empresas perderam até 80% do faturamento de forma repentina. Ele comparou o impacto à pandemia de covid-19 e às enchentes no Rio Grande do Sul.
• Compras públicas vão apoiar setores afetados por tarifaço dos EUA
• Preço do café atinge maior nível em três meses
O BNDES deve receber até 8 de setembro a lista das empresas atingidas, elaborada pelo MDIC, Receita e Serpro. Com esse calendário, as primeiras aprovações estão previstas a partir de 15 de setembro.
Quatro linhas de crédito disponíveis
O banco anunciou quatro modalidades de crédito:
Capital de Giro: financiamento de gastos operacionais, com juros de 1,15% ao mês e prazo de até cinco anos.
Giro Diversificação: busca de novos mercados, com taxa de 0,29% ao mês, acrescida de variação cambial.
Bens de Capital: aquisição de máquinas e equipamentos, com juros de até 0,58% ao mês e carência de um ano.
Investimento: inovação tecnológica e adaptação produtiva, com taxa igual à anterior e prazo de até dez anos.
Nas duas últimas modalidades, cada empresa poderá contratar até R$ 150 milhões.
Critérios para acesso ao crédito
O cálculo das perdas considerará o período entre julho de 2024 e junho de 2025. Empresas de todos os portes que perderam mais de 5% poderão acessar a linha Giro Diversificação.
Micro, pequenas e médias empresas terão garantia adicional pelo Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC), via Fundo Garantidor para Investimentos (FGI). Empresas que registrarem perdas superiores a 20% terão acesso às quatro linhas de crédito. Micro e pequenas companhias nesse grupo também contarão com garantias do PEAC, FGI e Fundo de Garantia de Operações (FGO).
Em todos os casos, as empresas deverão manter o número de empregados para receber os recursos. Os critérios foram definidos pelos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Mercadante destacou o esforço conjunto do governo. “É um esforço fiscal, de crédito e de operação. Vamos acelerar as aprovações”, disse.
Contexto do tarifaço
As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros estão entre as mais elevadas da atual guerra comercial. A medida, adotada pelo governo de Donald Trump, afeta diretamente setores estratégicos da economia nacional.