Entidade sugere ações ao governo para redirecionar produtos afetados por sobretaxa americana
Foto: WCD/Divulgação

A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira apresentou ao governo federal um plano para ampliar as exportações brasileiras nos países árabes. O objetivo é redirecionar os produtos afetados pelo tarifaço americano para novos mercados.

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O plano recomenda ações conjuntas, como visitas oficiais à região, missões empresariais a feiras, rodadas de negócios entre empresas brasileiras e árabes, e a aceleração de acordos de livre comércio. Sugere também facilitar a obtenção de vistos para empresários.

O documento foi entregue ao secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Marcel Moreira, e ao diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, embaixador Alex Giacomelli. Parlamentares e embaixadores árabes em Brasília também participaram da apresentação.

Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara Árabe, destaca o potencial da região. “Queremos trabalhar com governo, parlamentares, embaixadas, entidades e empresas para minimizar o tarifaço. Os países árabes podem absorver parte dos produtos sobretaxados. Há demanda, e o Brasil pode ampliar sua inserção”, afirmou. Em 2024, as exportações brasileiras para os 22 países árabes alcançaram recorde de US$ 23,68 bilhões.

Plano

O plano inclui 13 produtos com potencial para o mercado árabe, identificados em estudo da entidade. Entre eles estão semimanufaturados de aço e ferro, café, petróleo refinado, carne bovina congelada, ligas de aço, bulldozers, pás-carregadeiras, açúcar e diversos produtos de madeira.

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O estudo não detalha as quantidades que o mercado árabe pode absorver, mas aponta países prioritários que ampliam a importação desses itens. No caso do café, por exemplo, Arábia Saudita, Egito e Argélia importaram US$ 905,48 milhões no ano passado, cerca da metade das vendas brasileiras para os EUA. Porém, o Brasil participou com apenas 13,42% dessas compras. Mourad enfatiza o potencial de crescimento do café brasileiro em eventos na região MENA (Oriente Médio e Norte da África).

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A carne bovina congelada também tem espaço de crescimento, sobretudo no Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Juntos, esses países importaram US$ 2,26 bilhões do produto, dos quais 42,78% foram do Brasil. A entidade acredita em maior aproveitamento nesses mercados, que são grandes consumidores e reexportadores da carne brasileira.

O estudo releva que os países árabes aplicam alíquotas de importação que variam de zero a 30%, mas a maioria taxa produtos entre 5% e 6%. A Câmara Árabe acredita que novas parcerias comerciais podem reduzir essas tarifas. Atualmente, o único acordo em vigor é o Mercosul-Egito.

Como prioridade, a entidade destaca negociações com os Emirados Árabes Unidos — em fase final — e a retomada ou aceleração de acordos com o Conselho de Cooperação do Golfo, Marrocos, Palestina e Líbano.

O plano da Câmara Árabe indica que os países árabes têm população jovem e crescimento econômico acima da média mundial. O Brasil figura como importante fornecedor para a segurança alimentar da região. O redirecionamento das exportações pode minimizar os impactos das sobretaxas dos EUA e fortalecer os laços comerciais entre o Brasil e o mundo árabe.

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