Consumidores procuram alternativas seguras e rastreáveis para consumo de bebidas alcoólicas
Foto: Divulgação Bárbara Eliodora

A contaminação por metanol em bebidas artesanais e destiladas no Sudeste transforma o comportamento dos consumidores brasileiros. Nas últimas semanas, vinhos, cervejas e bebidas enlatadas registram crescimento expressivo nas vendas, enquanto os destilados enfrentam queda acentuada.

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As vendas de destilados caíram, em média, 70% na cidade de São Paulo, enquanto as de cerveja cresceram 7% Vendas de cerveja aumentam depois da crise do metanol. A procura por vinhos aumentou 36%, com destaque para os espumantes, cujas vendas em bares e restaurantes da capital paulista subiram quase 60% Vendas de cerveja aumentam depois da crise do metanol.

As marcas de drinks prontos (RTDs – Ready to Drink) protagonizam os maiores saltos. A Vanfall registrou crescimento de 280% nas vendas do e-commerce em seis dias, faturando 76% da média mensal nesse período. A Lambe Lambe, fabricante de drinks prontos, teve alta de 20% nas vendas em São Paulo e 10% em Belo Horizonte logo na primeira semana após a confirmação dos casos de intoxicação.

O movimento reflete a busca dos consumidores por produtos seguros, rastreáveis e de qualidade comprovada, características que marcam as bebidas produzidas por empresas regulamentadas e fiscalizadas.

Vinícola mineira registra crescimento de 15%

A vinícola mineira Bárbara Eliodora também surfou a onda de procura por segurança. A empresa registrou crescimento de 15% nas vendas para consumidores pessoa física nas últimas duas semanas, em comparação com o mês anterior.

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Foto: Divulgação

O e-commerce oficial da vinícola e os empórios especializados que revendem seus rótulos puxaram o aumento. “Nossos vinhos passam por intensos padrões internacionais de segurança desde o início da fermentação até o engarrafamento. O vinho tem álcool por meio natural, o açúcar da uva é consumido e se transforma em etanol etílico, o único em que nós humanos podemos beber”, explica Guilherme Bernardes, proprietário da vinícola.

Migração clara para bebidas seguras

Eric Momo, presidente da Associação Nacional de Restaurantes, confirma migração clara dos consumidores para outros tipos de bebidas, com clientes deixando de tomar destilados e passando a consumir vinho, cerveja, chope ou até mesmo evitando bebidas alcoólicas.

Os vinhos de mesa e vinhos finos não apresentam metanol em sua composição. Nenhum registro de intoxicação por metanol relaciona a substância ao consumo de vinhos ou cervejas, diferentemente das bebidas destiladas de origem duvidosa.

Crise do metanol mata seis pessoas em São Paulo

As últimas semanas marcam uma grave crise de saúde pública relacionada à contaminação por metanol em bebidas alcoólicas no Brasil. O Ministério da Saúde confirma seis mortes apenas em São Paulo, todas causadas por intoxicação com a substância tóxica.

Os casos concentram-se principalmente no Sudeste do país e envolvem bebidas artesanais e destiladas de procedência duvidosa. O metanol, também conhecido como álcool metílico, causa intoxicação grave e pode levar à morte mesmo em pequenas quantidades. Os criminosos adulteram bebidas alcoólicas adicionando metanol no lugar do etanol para reduzir custos de produção.

O governo de São Paulo intensifica operações de fiscalização para identificar e fechar estabelecimentos que fabricam bebidas adulteradas. As autoridades sanitárias recomendam que consumidores comprem bebidas apenas de estabelecimentos regulamentados e evitem produtos sem procedência clara ou com preços muito abaixo do mercado.

Nenhum caso de contaminação por metanol está relacionado ao consumo de vinhos, já que estes produzem álcool naturalmente através da fermentação das uvas. Os especialistas alertam que o principal risco está em cachaças, vodkas e outras bebidas destiladas comercializadas de forma irregular ou clandestina.