O cupulate está revolucionando o mercado de chocolates. Este produto inovador vem das sementes do cupuaçu, fruto nativo da Amazônia. Muitos o consideram o “chocolate brasileiro”. Sua produção aproveita completamente o fruto, reduzindo desperdícios e agregando valor.

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Pesquisadores da Embrapa desenvolveram a tecnologia para produzir cupulate. Eles patentearam o processo no Brasil e no exterior. O método segue etapas similares às do chocolate comum: torra, moagem e conchagem das sementes.

O cupulate surpreende pelo sabor diferenciado. Ele apresenta notas frutadas e ácidas, lembrando abacaxi e maracujá. Sua textura cremosa encanta os consumidores mais exigentes.

Nutricionalmente, o produto se destaca por seus compostos bioativos. As sementes contêm teograndinas, antioxidantes exclusivos do cupuaçu. Essas substâncias combatem radicais livres e previnem envelhecimento precoce.

Impacto positivo na Amazônia

A produção de cupulate gera renda para comunidades tradicionais. Agricultores familiares encontram nova fonte de sustentabilidade. O cultivo do cupuaçu ocorre em sistemas agroflorestais, que preservam a biodiversidade.

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O processo produtivo apresenta baixo impacto ambiental. Não requer desmatamento e mantém a floresta em pé. Muitos produtores seguem princípios orgânicos, sem usar agrotóxicos.

Foto: Wenderson Araujo/Trilux/Sistema CNA/Senar

O cupulate já conquistou espaço no mercado nacional. Feiras de produtos amazônicos e lojas especializadas comercializam o produto. Consumidores buscam alternativas exóticas e sustentáveis.

No exterior, o produto ganha status de superalimento. Países europeus e Estados Unidos importam o cupulate brasileiro. Ele atende à demanda por alimentos éticos e de origem conhecida.

Como consumir

O cupulate versátil permite diversas formas de consumo. Pode ser encontrado em tabletes, barras e pó. Na culinária, substitui o chocolate em receitas doces. Sua manteiga derivada do cupuaçu também serve para cosméticos.

Especialistas recomendam preferir versões com maior porcentagem de sementes. Produtos com mais de 70% de cupulate oferecem maiores benefícios. Devem-se evitar versões com excesso de açúcar.

Starup faz sucesso com produto

A Kupulatte, startup nascida na Universidade do Estado do Amapá (UEAP), transforma sementes de cupuaçu – tradicionalmente descartadas – em um produto similar ao chocolate. A inovação garantiu à empresa uma vaga na final da Expo Favela Innovation 2025, onde representará o Amapá entre iniciativas de impacto social e econômico de todo o Brasil.

A ideia surgiu em 2022, durante pesquisas acadêmicas, e concretizou-se em 2024 com um edital que incentivou a transformação da proposta em negócio. Evelyn Silveira, CEO da Kupulatte, explica: “O que antes era descartado pelos produtores hoje pode gerar renda e oportunidades”.

Processo sustentável e inovador

O nome Kupulatte combina “Kupu” (termo de origem tupi para “parecido com cacau”) e “latte” (em referência ao leite). O processo produtivo inclui:

  • Fermentação natural das sementes após a separação da polpa.
  • Secagem em estufa e torra em temperatura controlada.
  • Produção de nibs (fragmentos torrados) similares aos de cacau.
  • Trituração e refinamento até obter uma pasta homogênea.
  • Temperagem e moldagem em barras, bombons ou nibs puros.

Atualmente, a startup oferece produtos com concentrações de 50%, 70% e 100%. Futuramente, planeja expandir para versões com leite animal ou vegetal.

Reconhecimento e impacto econômico

A Kupulatte já participou de eventos como o Bioeconomy Amazon Summit (Manaus, julho/2025), que reuniu 150 startups focadas em soluções para a Amazônia. A aceitação do público tem sido positiva. Destacando-se pela combinação de tradição regional, sustentabilidade e potencial comercial.

A Expo Favela Innovation, vitrine para negócios de comunidades e periferias, valorizou o reaproveitamento de resíduos e a viabilidade marketável do projeto. Um dos avaliadores ressaltou: “Trata-se de um produto que alia inovação, tradição cultural e viabilidade de mercado”.

Para o segundo semestre de 2025, a equipe busca parcerias com cooperativas de produtores de cupuaçu para ampliar o fornecimento de matéria-prima e escalar a produção. Evelyn Silveira enfatiza: “O cupuaçu é só o começo de um projeto que pode crescer muito mais”.

Além do impacto comercial, a iniciativa fortalece a bioeconomia amazônica, diversifica a cadeia produtiva de chocolates e cria oportunidades para pequenos produtores locais.