Brasil pode ultrapassar 200 toneladas de lichia exportadas e bater novo recorde

A lichia (Litchi chinensis) é uma fruta tropical originária do sul da China, cultivada há mais de 2.000 anos. Conhecida por sua casca avermelhada e rugosa, a fruta esconde uma polpa branca translúcida, suculenta e adocicada, que envolve uma semente marrom brilhante. Seu sabor delicado, que combina notas florais com dulçor natural, conquistou paladares em todo o mundo.

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Na cultura chinesa, a lichia representa amor, romance e boa sorte. Durante séculos, a fruta ocupou lugar de destaque na corte imperial chinesa e inspirou poetas como Du Mu, que celebraram sua beleza e sabor. Hoje, a lichia permanece indispensável nas celebrações do Ano Novo Chinês, simbolizando prosperidade e união familiar.

Além da China, países do Sudeste Asiático, Índia, África do Sul, Madagascar e Brasil cultivam a fruta, cada região adaptando técnicas de produção às suas condições climáticas.

Usos culinários e nutricionais

A lichia oferece versatilidade impressionante na gastronomia. Chefs consomem a fruta fresca, adicionam-na a saladas, preparam sucos, smoothies, sorvetes e sobremesas sofisticadas. Na coquetelaria moderna, a lichia aparece em drinks tropicais e martinis aromáticos.

Do ponto de vista nutricional, a fruta fornece vitamina C em abundância, além de potássio, cobre e antioxidantes como polifenóis e flavonoides. Estes compostos combatem radicais livres e contribuem para a saúde cardiovascular. Uma porção de 100 gramas contém aproximadamente 66 calorias, tornando a lichia uma opção saudável e refrescante.

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O mercado global de lichia apresenta oportunidades significativas, especialmente para produtores que conseguem ofertar a fruta em períodos de baixa oferta mundial. A demanda permanece forte na China, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, onde consumidores valorizam frutas exóticas premium.

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Brasil projeta crescimento exponencial nas exportações

O Brasil se posiciona de forma estratégica no mercado internacional de lichia. A colheita brasileira acontece prioritariamente de dezembro a janeiro, diferentemente da maioria dos países produtores, que colhem de maio a julho. Esta característica confere ao país uma vantagem competitiva decisiva: os produtores brasileiros conseguem ofertar lichias para duas datas comerciais cruciais – o Natal e o Ano Novo Chinês.

Foto de Jason Sung na Unsplash

Os números comprovam o crescimento acelerado do setor. Nas últimas oito safras, o Brasil saiu de uma exportação modesta de apenas 2,8 toneladas em 2017/2018 para o recorde de 153,1 toneladas na safra passada (2024/2025). Este crescimento impressionante revela o potencial da fruticultura brasileira no mercado internacional.

Alto Paranapanema lidera a produção para exportação

O crescimento recente da exportação brasileira se deve muito pela contribuição das produções da região da CPL da Lichia do Alto Paranapanema, no Sudoeste Paulista. As lichias BRITCHIS, cujo pomar está localizado na CPL da Lichia, exportaram 73.072 kg de lichia na última safra – impressionantes 47,7% de toda a lichia exportada pelo Brasil.

As projeções para a próxima safra indicam crescimento ainda mais robusto. Camila Boni, diretora comercial da BRITCHIS, compartilha expectativas otimistas: “Somos iniciantes na exportação. Na safra passada, nossa fazenda teve sua segunda experiência exportando lichia e praticamente chegamos a 48% do total exportado pelo Brasil. Agora nesta próxima safra 25/26, que se inicia em dezembro, estamos com expectativa de quebrar a barreira das 120 toneladas de exportação – na safra passada exportamos 73 toneladas. Se isso acontecer, não acho difícil que o Brasil ultrapasse as 200 toneladas exportadas, um crescimento de 30% em relação à safra anterior”.

O Brasil demonstra capacidade técnica e posicionamento estratégico para consolidar sua presença no mercado internacional de lichia. A janela de produção diferenciada, combinada com a qualidade crescente dos pomares brasileiros, abre caminho para expansão sustentável das exportações. Os produtores nacionais descobrem na lichia uma oportunidade valiosa de diversificação e internacionalização do agronegócio brasileiro.