Queda de 28,1% em novembro reforça impacto das tarifas americanas sobre produtos brasileiros e urgência de negociação bilateral entre os países
Foto: Divulgação Porto do Açu

As exportações brasileiras para os Estados Unidos registraram em novembro a quarta queda consecutiva, com recuo de 28,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho negativo reflete os efeitos das tarifas de até 50% aplicadas sobre produtos brasileiros desde agosto, segundo dados divulgados pela Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio).

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A retração nas vendas externas tem atingido diversos setores da economia brasileira, afetando tanto produtos que sofreram sobretaxas quanto itens inicialmente não tarifados, como petróleo e celulose. A amplitude do impacto demonstra que as medidas protecionistas americanas geraram efeitos em cascata sobre a balança comercial bilateral.

Sinais de recuperação após isenções setoriais

Apesar do cenário desafiador, analistas identificam sinais positivos no desempenho de novembro. A queda registrada no último mês foi menos acentuada que a observada em outubro, sugerindo uma possível estabilização após as recentes isenções concedidas pelo governo americano a produtos relevantes da pauta exportadora agroindustrial brasileira.

A recuperação parcial, no entanto, não elimina a preocupação do setor exportador. As sobretaxas de até 50% continuam em vigor para mais de um terço das exportações brasileiras destinadas ao mercado americano, comprometendo significativamente a competitividade dos produtos nacionais.

Necessidade de acordo bilateral ganha força

Diante do cenário persistente de perdas comerciais, cresce a pressão por avanços nas negociações entre Brasil e Estados Unidos. Os dois países têm intensificado o diálogo em alto nível nos últimos meses, buscando soluções que possam normalizar as relações comerciais.

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“Brasil e Estados Unidos têm intensificado o diálogo em alto nível. Um caminho que deve ser aprofundado, com vistas a um acordo bilateral capaz de reduzir as sobretaxas, normalizar as condições de acesso ao mercado americano e aprofundar a cooperação em temas de interesse comum”, avaliou Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.

A entidade defende que um acordo comercial abrangente seria fundamental não apenas para eliminar as barreiras tarifárias. Mas também para estabelecer bases sólidas de cooperação estratégica entre as duas maiores economias das Américas.

Impactos econômicos preocupam exportadores

O prolongamento da situação adversa nas exportações para os Estados Unidos representa um desafio significativo para a economia brasileira. O mercado americano é um dos principais destinos dos produtos nacionais. E a manutenção das tarifas elevadas pode comprometer empregos e investimentos em diversos setores produtivos.

Especialistas avaliam que a continuidade do diálogo bilateral e a busca por soluções negociadas são essenciais para reverter a trajetória de quedas. Além de restaurar a confiança dos exportadores brasileiros no mercado norte-americano.