Operação resgatou araras, papagaios e jabutis mantidos ilegalmente no Sul da Bahia; multas ultrapassaram R$ 1 milhão
Foto: Divulgação/Ibama/BA

Uma operação de fiscalização realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na última quinzena resultou no resgate de 268 animais silvestres mantidos em cativeiro ilegal no sul da Bahia. A ação expôs uma rede de tráfico de fauna que utilizava documentação falsa para simular a legalidade dos espécimes.

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As multas aplicadas aos infratores somaram mais de R$ 1 milhão, e 28 autos de infração foram lavrados durante a operação. Muitos dos animais resgatados apresentavam sinais graves de desnutrição e maus-tratos, segundo os agentes ambientais responsáveis pela fiscalização.

Documentação falsa e integração entre estados

Um dos casos mais emblemáticos da operação envolveu a prisão de um homem flagrado com dois papagaios. Durante a abordagem, o suspeito apresentou nota fiscal fraudulenta na tentativa de comprovar origem legal das aves. A Polícia Federal efetuou a detenção.

A integração entre equipes do Ibama em diferentes estados permitiu identificar o infrator. Agentes em Minas Gerais já tinham interceptado um lote de anilhas falsas destinado a várias regiões do país, e essa informação se tornou decisiva para desarticular o esquema.

Criadouros ilegais e irregularidades em criadores amadores

A fiscalização também mirou criadouros amadores de passeriformes, onde foram encontradas diversas irregularidades. Entre os problemas identificados estavam aves provenientes de outros criadores sem autorização, uso de anilhas falsas e animais sem qualquer identificação. Um forte indício de captura direta na natureza.

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Os agentes ambientais ainda localizaram animais silvestres abatidos ilegalmente, incluindo um caititu e dois tatus, evidenciando a gravidade das infrações ambientais na região.

Entre os 268 animais apreendidos, destacam-se:

  • 56 jabutis
  • 4 araras
  • 4 papagaios
  • 3 periquitos-verdes
  • 3 periquitos-da-testa-amarela
  • 2 macacos
  • Diversas espécies de aves silvestres, como baianos, coleirinhos, bigodinhos, canários-da-terra e curiós

Várias aves anilhadas também foram retidas devido a irregularidades nos plantéis de criadores amadores, que não conseguiram comprovar a procedência legal dos animais.

Condições precárias e impacto na biodiversidade

Segundo os fiscais que participaram da operação, grande parte dos animais resgatados estava severamente debilitada. Os espécimes apresentavam desnutrição avançada e outros sinais evidentes de maus-tratos, consequência das condições inadequadas do cativeiro ilegal.

 Foto: Divulgação/Ibama/BA

“O tráfico de fauna silvestre não apenas causa sofrimento aos animais, mas representa uma ameaça direta à biodiversidade brasileira”, alertam os agentes do Ibama. A prática alimenta um mercado negro que movimenta milhões de reais anualmente e contribui para o declínio de populações de espécies nativas.

Destino dos animais resgatados

Após os procedimentos de fiscalização, as equipes encaminharam parte dos animais ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em Vitória da Conquista, onde eles receberão atendimento veterinário e os cuidados necessários. Os agentes também devolveram imediatamente à natureza os espécimes que apresentavam boas condições de saúde.

O Ibama reforça que manter animais silvestres sem autorização configura crime ambiental previsto na Lei nº 9.605/98, sujeito a penas de seis meses a um ano de detenção e a multas que podem alcançar R$ 5 mil por animal apreendido.