Analistas explicam que mudança para produtos menos concentrados aumenta o volume total importado e questiona a substituição de fertilizantes tradicionais

As importações brasileiras de fertilizantes bateram um recorde histórico em agosto de 2025, ultrapassando a marca de 5 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 10% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com o mais recente relatório da StoneX, empresa global de serviços financeiros.

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O pico nas compras segue o padrão sazonal do setor, que concentra a maior parte das aquisições para a safra entre junho e outubro. No entanto, o recorde deste ano foi fortemente influenciado por uma mudança significativa no perfil de produtos importados.

Mudança no perfil do mercado

De acordo com Tomás Pernías, Analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a alta foi impulsionada não apenas pela demanda. Mas pela busca por fertilizantes menos concentrados e com melhor relação custo-benefício.

“Com a oferta reduzida no mercado de MAP e o balanço ajustado na ureia, o Brasil buscou alternativas. Isso levou a um aumento expressivo na importação de produtos como o NP e o sulfato de amônio”, explicou Pernías.

Os dados comprovam a tendência:

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  • Importações de NP: somaram mais de 2,6 milhões de t entre janeiro e agosto – um salto de 68% frente a 2024.
  • Sulfato de amônio: o volume importado chegou a 3,7 milhões de t no mesmo período, um crescimento robusto de 59%.

O relatório destaca que, historicamente, os picos de importação são esperados no terceiro trimestre. Fosfatados tendem a atingir seu ápice entre junho e agosto, enquanto o cloreto de potássio se destaca entre maio e agosto.

“Julho e agosto estão entre os meses com maior movimentação de entrada de fertilizantes no país, refletindo diretamente o preparo logístico e estratégico para a próxima safra”, acrescentou o analista.

Desafio da substituição

A opção por produtos menos concentrados, porém, traz um paradoxo: eleva o volume total negociado, já que são necessárias quantidades maiores para suprir a mesma demanda de nutrientes que um fertilizante mais concentrado atenderia.

Esse movimento gera questionamentos entre especialistas sobre a capacidade efetiva de substituição desses produtos e os impactos na cadeia logística, que precisa se adaptar a um volume físico maior de insumos para entregar a mesma quantidade de nutrientes ao solo.