Resumo da notícia
- Um incêndio destruiu cerca de mil hectares de capim dourado no Jalapão, Tocantins, ameaçando a principal matéria-prima do artesanato local e a renda de mais de 300 famílias quilombolas e artesãs da região.
- O fogo afetou áreas essenciais para a comunidade quilombola de Mumbuca, comprometendo a Festa da Colheita do Capim Dourado, evento tradicional previsto para setembro, e impactando a subsistência local.
- Autoridades ambientais controlaram o incêndio, mas o prejuízo é grave; o governo estadual investiga causas, possivelmente intencionais, e estuda formas de auxílio às famílias afetadas.
- O capim dourado, planta nativa e sustentável do Cerrado, é fundamental para a cultura e economia do Jalapão, com manejo que inclui queimadas controladas para garantir sua renovação e colheita entre setembro e novembro.
Um incêndio de grandes proporções atingiu na última semana cerca de mil hectares de capim dourado na região do Jalapão, em Mateiros, Tocantins, poucos dias antes do início oficial da colheita. A planta é a principal matéria-prima para o artesanato tradicional da região e sustento econômico de centenas de famílias quilombolas e artesãs locais.
O fogo atingiu áreas de grande importância econômica e cultural para a comunidade, especialmente a quilombola de Mumbuca, ameaçando a renda e o modo de vida de mais de 300 famílias que dependem do capim dourado para produção artesanal. A Festa da Colheita do Capim Dourado, evento tradicional da região, está agendada para ocorrer entre os dias 12 e 14 de setembro, mas sofre impacto devido à destruição causada pelo incêndio.
Autoridades ambientais conseguiram controlar as chamas, mas o prejuízo já é considerado significativo. Moradores e lideranças expressaram tristeza e preocupação com a perda, ressaltando que o capim dourado é a “base da subsistência” da comunidade. O governo estadual estuda formas de auxílio às famílias afetadas enquanto investiga as causas do incidente, que pode ter sido intencional.
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Este não é o primeiro incêndio que ameaça a região; o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) já monitorava o local desde agosto a fim de proteger o capim dourado, que só pode ser colhido no período oficial entre 20 de setembro e 30 de novembro, garantindo a sustentabilidade da atividade artesanal.
Conheça o campim dourado
O capim dourado (Syngonanthus nitens) é uma planta nativa do Cerrado brasileiro, especialmente abundante na região do Jalapão, no Tocantins. Apesar do nome, não pertence à família dos capins ou gramíneas, mas sim à família das sempre-vivas. O capim dourado cresce em “sapatas” que ficam próximas ao solo, com cada sapata produzindo em média duas hastes douradas por ano. Algumas plantas podem gerar até 20 hastes anuais.
As hastes são finas, brilhantes e têm uma pequena flor branca na ponta. Elas são a matéria-prima essencial para o artesanato local, utilizado em cestos, bolsas, biojoias e objetos decorativos produzidos principalmente por comunidades quilombolas do Jalapão, que usam técnicas artesanais passadas de geração em geração. A colheita dessas hastes acontece entre setembro e novembro, período em que as plantas estão maduras e com maior brilho natural.
O capim dourado é considerado um recurso sustentável quando manejado corretamente, com queimadas bienais controladas sendo uma prática comum para estimular sua floração e renovação. Essa planta representa não só um valor econômico para muitas famílias, mas também um importante símbolo cultural e ambiental da região do Jalapão.